um artigo de opinião política - eu, professor, voto PS

enquanto professor não posso, nem devo ficar indiferente ao momento e às circunstâncias políticas das próximas eleições;
seja qual for o resultado tenho plena consciência que o mundo continuará a girar, os dias a seguirem-se uns aos outros e muito do que somos continuaremos a ser;
mas pode ser sempre um mundo diferente e para melhor daquele que temos;
enquanto professor dos ensinos básico e secundário, reconheço a importância dos pré requisitos que condicionam um tempo presente e os seus desempenhos; mas também enquanto professor sei que a matéria em avaliação diz respeito aos últimos 4 capítulos, um por ano, e não a toda a nossa história; sei que aquilo que está em avaliação é o despejo progressivo da escola pública, o esvaziar de sonhos e ambições, de emoções e afetos e querer torná-la em depósito de números, em casos de opinião pública;
o que está em causa são conteúdos que alteraram o currículo definindo disciplinas de primeira (as estruturantes) e de segunda (as outras);
o que está em avaliação é um despacho da autonomia que mais não faz que sacudir a água do capote e ser lei do desenrasca para tudo e para todos;
sei que o que vai estar em causa diz respeito a uma avaliação de desempenho docente arbitrária e discricionária que deixou de fora os senhores diretores;
o que sai no teste do dia 4 é a alteração do estatuto da carreira docente que faz com que reduções da componente por idade se traduzem em mais serviço efetivo, em mais turmas por docente, em mais trabalho burocrático e administrativo;
uma das questões que estará certamente em causa passa pela desvalorização daqueles que são diferentes, os que têm necessidade educativas especiais ou simples dificuldades de aprendizagem e que vêem limitados e condicionados os seus apoios;
o que estará em causa a 4 de outubro diz respeito a uma escola que sentiu a degradação das condições de trabalho ainda que em novas instalações, como se o passado tudo justificasse;
o que irá sair no teste diz respeito a processos de descentralização que designam de municipalização que mais não são que um salve-se quem puder, um atirar de batata de mão em mão como se a escola e a educação fosse coisa que queima;
certamente que uma das questões que irá estar presente no teste de 4 de outubro diz respeito aos silêncios e omissões de muitos que estiveram antes na praça pública e que depois, em face dos despedimentos sem qualquer causa, se calaram e omitiram;
quero que se concentrem nos objetivos de termos uma escola que faça a diferença, que compense diferenças, que apoie e estimule em vez de e com base nos discursos do rigor e da exigência, afogue os docentes em papéis e reduza os alunos a meros números em folhas de um excell deslavado;
gostaria que nos concentrássemos numa escola que promove e valoriza a diferença, entre o norte e o sul, o litoral e o interior, o urbano e o rural no sentido de promover a equidade social e a escola como oportunidade e não mero espaço de concorrência do salve-se quem puder;
gostaria de me concentrar numa escolha onde a opção primeira passe por assumir a confiança na ação e no desempenho dos seus profissionais, dotados de autonomia e competências para aceitarem as suas responsabilidades e o seu papel social;
é isto que irá estar em avaliação no próximo dia 4 e não todos os conteúdos de séculos da nossa história, por muito que nos queiram fazer crer nisso;
o que estará em avaliação no próximo dia 4 passa, em muito, por qual o papel que queremos que a escola (e os seus profissionais) possam e devam de assumir, se uma escola que promova a qualidade e as competências sociais e pessoais se uma escola que esteja na subserviência das lógicas do salve-se quem puder, devidamente embrulhada em questões de empreendedorismo (o desenrasca individual) ou de mercado de trabalho (pelo custo de mão de obra e não pelas competências adquiridas);
por isso eu voto PS

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