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A mostrar mensagens de setembro, 2015

um artigo de opinião política - eu, professor, voto PS

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enquanto professor não posso, nem devo ficar indiferente ao momento e às circunstâncias políticas das próximas eleições; seja qual for o resultado tenho plena consciência que o mundo continuará a girar, os dias a seguirem-se uns aos outros e muito do que somos continuaremos a ser; mas pode ser sempre um mundo diferente e para melhor daquele que temos; enquanto professor dos ensinos básico e secundário, reconheço a importância dos pré requisitos que condicionam um tempo presente e os seus desempenhos; mas também enquanto professor sei que a matéria em avaliação diz respeito aos últimos 4 capítulos, um por ano, e não a toda a nossa história; sei que aquilo que está em avaliação é o despejo progressivo da escola pública, o esvaziar de sonhos e ambições, de emoções e afetos e querer torná-la em depósito de números, em casos de opinião pública; o que está em causa são conteúdos que alteraram o currículo definindo disciplinas de primeira (as estruturantes) e de segunda (as outras); o

entre avaliações e classificações

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se alguém defendesse na escola que não se deveria valorizar a classificação mas destacar processos de avaliação, isto é, que não importa quantificar as aprendizagens dos alunos, mas efetuar processos de avaliação, onde se cruzam dimensões qualitativas com juízos de valor, estou certo que a grande generalidade dos professores reclamava, diria que era impossível e outras coisas menos simpáticas; para a maioria dos professores avaliar implica classificar, isto é, realizar um teste quantitativo onde, pretensamente, a avaliação é o "mais objetiva possível"; como se avaliar (ou mesmo classificar) fosse algo de objetivo; nem mesmo o dito teste americano permite isentar de erro ou de juízo uma classificação; isto por que dei com este apontamento , que denota um sentimento que cresce pelos states , valorizar processos de avaliação em detrimento das classificações; mesmo por cá onde está inscrito na legislação que a avaliação, no ensino básico, se faz de 1 a 5 são raros, raríss

do sossego

ele há turmas que não pecam por grandes ou pequenas, por empenhadas ou alheadas, participativas ou indiferentes; ele há turmas que apenas um ou dois elementos condicionam rendimentos e comportamentos, interferem no coletivo e determinam a ação (e a paciência) do/a professor/a; uma turma com que trabalho, irrequieta, traquina na sua juvenialidade de 7º ano, aparentemente faladores e não é que a falta de dois alunos, em 21, altera radicalmente o cenário de sala de aula? a falta de dois alunos fez com que todo o restante grupo/turma estivesse e participasse adequadamente, cada um interviesse com respeito pelos colegas e pela orientação do docente; dois alunos, fazem toda a diferença num grupo, atrapalham ou desembaraçam, impelem ou impedem, libertam ou condicionam;

microclima

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pelas escolas e pelos tempos que correm cada vez circulam menos os novos professores, aqueles que andam com a casa às costas e percorrem um pouco o país, de norte a sul, de leste a oeste; são poucos, cada vez menos, mas ainda existem; com estes docentes, por estas bandas do alentejo, o mais das vezes oriundos do norte, dá para trocar ideias sobre semelhanças e diferenças entre escolas, entre processos de organização, sobre o contexto e as formas como estes influenciam ou interferem na sala de aula; hoje, felicidade a minha, tive oportunidade de trocar ideias com uma colega que vem mesmo lá de cima, do minho, que pela primeira vez desceu tão abaixo do país; diz ela que a grande semelhança entre a escola onde esteve e aquela onde está é, tal como no minho, o microclima; ele há com cada coisa que apenas o microclima pode explicar; é mesmo uma questão de clima

da escrita

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de quando em vez passa assim por mim uma falta de vontade de escrever que até me impressiona; opto por não escrever (!!!!!) não sei fazer desenhos, nem desenhar sequer, com muita pena minha, se soubesse faria desenhos, traçava traços, riscava a folha; mas não sei; assim limito-me a não fazer nada, a deixar ir esta falta de vontade; não sei se é falta de assunto, se falta de apetite, se inércia ou preguiça, sei que não me apetece escrever

cursos vocacionais

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uma das ideias que procuro desenvolver (em termos de compreender o meu mundo, a escola e as suas dinâmicas) passa por analisar os processos de apoio ou compensação para alunos com dificuldades de aprendizagem; não são apoios que passem por alunos com necessidades educativas especiais; são estratégias utilizadas para a recuperação de notas, tais como, aulas acrescidas, os apoios ao estudo, as salas de estudo, as tutorias, mas também o programa mais sucesso ou cursos vocacionais, entre outros; as dificuldades dos alunos baseiam-se no que, por esta minha terra, alguns designam  de desinteresse, desmotivação, alheamento, indiferença, falta de sentidos, hábitos e métodos não apenas de estudo mas de vida; raramente são dificuldades específicas de aprendizagem, isto é, relacionadas com o objeto ou o método de uma dada disciplina ou, pelo menos, não assim definidas na maioria dos casos (coisa e descrição que já teve o seu tempo); uma linha de orientação do que faço vai no sentido de as

desobediência

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primeiros dias de aula, até ontem foram, de forma efetiva, três, muito provavelmente distribuídos entre apresentações, conversas informais e início das atividades; ontem, e-mail algo de aflição, preciso de falar urgentemente com o colega; ainda pensei que alguma coisa estivesse a arder ou simplesmente que me tivesse esquecido de algo ou feito alguma coisa indevida - afinal ainda estou em jet lag escolar; nada disso, um aluno desobedeceu-me, é intolerável, não posso permitir uma coisa destas; e o que quer a colega que eu faça - eu diretor de turma, pois claro; que o repreenda, que me aconselhe se lhe levanto um processo disciplinar ou se aguarde pela sua intervenção, quem tem de ser, que deve ser irreprimível, certo, lá falo com a mãe do rapaz, lá vou à turma falar com os alunos, lá apelo aos professores para que, pelo menos pelos primeiros dias, não levantem processos disciplinares, que saibam gerir as tensões iniciais; caso contrário, lá para o final do ano, estar-se-á

o caminho a fazer

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tenho percebido, com a mudança do meu poiso de trabalho, que depois do acesso e da massificação da escola pública, que marcou os anos 80 e 90, depois de se pensarem e implementarem estratégias de diferenciação escolar na primeira década deste século, há ainda um longo, talvez excessivamente longo caminho a percorrer para o sucesso escolar; em 5 turmas de 7º que tenho, existem resmas de alunos que já ficaram retidos pelo menos uma vez e não são nada poucos os que ficaram retidos duas e três vezes; não tenho nenhuma turma com uma média certinha de 12 anos, a média etária que deviam ter; o caminho do sucesso passa por todos (do aluno ao professores, pela escola e pelo contexto social) mas tenho de reconhecer que as ideias que vigoram na escola, os modelos de trabalho e organização que existem, as expetativas que se definem, os sonhos que não existem, os projetos que tardam em surgir condicionam em muito o sucesso do aluno; e devia passar pela escola esta capacidade de criar futuro

da campanha

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estamos em campanha eleitoral, caso ainda não se tenha reparado; é certo que tenho sentido alguma surpresa quer com a campanha, quer com as sondagens, quer com os comentários que não oiço na sala de professores; sendo assim, opto por fazer menos ruído de modo a não perturbar o sossego de quem procura convencer e captar indecisos, não incomodar quem está decidido e ir de fininho até dia 5 de outubro, dia do professor;

futuros

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vou escrever banalidades, coisa pouca, mas assumido senso comum; primeiro dia de aulas com as turmas, confirmo aquilo que penso, o grande desafio da escola e dos professores passa por ajudar os alunos a criarem sentidos ao seu futuro, a desenharem projetos de vida, a criar uma qualquer ideia do que querem fazer - ou ser; talvez não valha a pena pensar a 10 anos, miúdos a iniciar hoje o 7º ano daqui a 10 anos estarão uns quantos a terminar a universidade, outros a meio, outros no mundo do trabalho - tudo pelo melhor, pois claro; talvez valha a pena começar a perguntar aos miúdos para que notas (avaliação) querem trabalhar, que notas quererão ter no final deste primeiro período, e no final do ano; talvez valha a pena ajudar quem hoje começa no 7º por perguntar o que querem fazer no 10º, mais não seja para que se comece a pensar, simplesmente isso, a equacionar possibilidades, a identificar pistas, a separar o importante do acessório, a perceber comportamentos, atitudes, rendime

da confiança

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certamente que muitos se lembrarão do tempo em que depois de se enviar um fax de seguida se telefonava a perguntar se tinha chegado; era uma questão de credibilidade por parte da máquina e de confiança por parte das pessoas; eram tempos em que as pessoas se adaptavam a novas dinâmicas, a novos processos onde o fax, na sua generalização, era o grande desafio tecnológico; hoje, ao ser repreendido por, ao enviar um modelo, não o ter assinado, lembrei-me desta história; há um e-mail institucional e oficial na casa, contudo é insuficiente por questões de credibilidade das pessoas e de confiança nas instituições (para ser simpático) to o o documento tem de ser impresso e assinado; o mais engraçado é que depois há quem nos peça para poupar papel, pois claro...

e pronto, começou

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e pronto, efetivamente a coisa começou e, com esse princípio, algumas expetativas, alguns anseios e outras tantas coisas; por parte de todos, professores e alunos, mas também pais/encarregados de educação, funcionários das escolas quando não mesmo municipais, cá vamos nós, cantando e rindo; gostei de ouvir os primeiros comentários ao que eu disse e chamei a atenção em reuniões de conselho de turma, então, já começaste a trabalhar em projeto? espero, aguardo por o que me dirão lá mais para a frente, é esperar; gostei de sentir os rostos algo surpreendidos por se ter começado, as palavras assim a modos que desafiadoras de um ou de outro mais reguila, mais desinibido; as dúvidas do que fazer de um ou de outro; supreendeu-me, ou talvez não, os poucos, muito poucos daqueles com quem estive de manhã, saberem o que querem fazer no 10º; a maioria não faz a mínima ideia; cá está um objetivo para este ano, ajudar o pessoal a pensar e a construir uma ideia do que fazer daqui a três anos

primeiro balanço

será cedo, muito cedo, para fazer balanços da minha pessoa, essencialmente decorrente do facto de ter mudado de poiso; mas há algumas ideias que começo a alinhavar em mim mesmo; em primeiro lugar uma ideia de estranheza por se manter e perpetuar a burocracia, as artimanhas da desconfiança de um sistema que não considera nada nem ninguém que nele trabalha, vive e convive; ele são regras, normas, modelos, procedimentos, uniformizações, critérios, tudo processos em nome do aluno, mas que fica lá bem no fundo das paletes de papel que se gastam em seu nome; são cuidados e preceitos em nome da segurança e da salvaguarda do docente, formas invías de definição de processos de subjetivação profissional que remetem para o inconsciente profissional o medo da prevaricação, do incumprimento; será que não há outra forma de organizar a escola que não passe pela desconfiança relativamente a quem nela trabalha? será que não há forma de organizar a escola que permita e conceba incluir diferenças

arranque

e ontem lá tive a minha recepção a pais/encarregados de educação e a alguns alunos; para primeira impressão, gostei, dos 21 alunos estiveram 19 encarregados de educação;  não contava com tantos, estão três repetentes de 7º, uns quantos com idade acima, um bem acima, do desejável, ainda pensei que não estivessem; estiveram, ainda bem; colocaram dúvidas, trocamos ideias e todos fizemos votos para que a coisa corra a contendo; dou com questões para as quais não estava, nem estarei preparado, houve uma mãe que me perguntou se podia comprar caderno de argolas para a filha; perante a minha cara de espanto esclarece que o diretor de turma do ano anterior não autorizava cadernos de argolas; ainda pensei perguntar porquê, mas deixei em branco e apenas referi que podia comprar o que muito bem entendesse desde que respeitasse a adequação à disciplina e ao desgaste de um ano;

política e educação

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não ouvi, mas já ouvi o debate de hoje entre aqueles que são os mais sérios candidatos a primeiro ministro; e dei com esta peça solta sobre a questão da educação , é muito pouco, é muito curto para quem gosta e trabalha na área e se sente todos os dias com que tem sido feito; mas vale a pena perceber as diferenças - coisas que se sentem no trabalho, no espírito e no bolso de todos quantos são professores ou trabalham na área;

mensagens

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preparo a recepção a alunos e encarregados de educação; serei cicerone de um primeiro dia que é, para muitos, mais do mesmo; regista-se uma mudança de ciclo, do 2º para o 3º mas nada mais, o contexto, o espaço físico, permanece, as caras de muitos são reconhecidas dos corredores, pelo menos para a maioria; nesta preparação dou conta de um sítio com adizeres, frases motivadoras, de envolvimento e implicação para alunos, pais, professores, para todos e para trodos os gostos;

das dinâmicas

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já aqui tinha dado conta do meu desafio em pensar dinâmicas de trabalho para grupos de 7º ano com apenas um bloco de 90' por semana; o desafio que é pensar e definir estratégias de ligação do aluno ao seu trabalho semanal, ao envolvimento e implicação; ontem fiquei a saber (não percebi antes) que as turmas de curso vocacional, onde os alunos se caraterizam, genericamente, pelo desinteresse, indiferença, alheamento e falta de objetivos ao trabalho escolar (quando não pessoais), ainda são mais curtos, 45' semanais; é uma coisa tipo ... vai ser bom não foi e como se implicam alunos no seu trabalho com 45' semanais; que processos de ligação ao trabalho de uma disciplina se podem/devem definir com estes tempos? que dinâmicas, de grupo e/ou individuais, se podem/devem definir? certo que terei de ir aula a aula, sessão a sessão e, essencialmente, apelar ao trabalho fora da sala de aula, levá-los em visitas de estudo e conhecimento e análise e crítica (pensamento) ond

surpresa e espanto

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tenho de reconhecer que a idade, a experiência e o conhecimento que adquiro por aqui e por ali me leva a ser um pouco rígido quanto a surpresas, a ser preciso algo de significativo para que me espante e surpreenda; mas ontem fiquei espantado (e algo surpreendido) com as palavras de uma colega docente, quando oiço os seus comentários a alunos de um curso vocacional; não reproduzo o que ouvi, mero embaraço de não conseguir ser fiel nessa reprodução, mas imaginava eu que ditos onde o aluno é mero objeto de intervenção e de mera (des)consideração estivesse lá para trás, arquivado na memória escolar dos mais velhos, guardada para escritos futuros de memórias passadas; qual quê, certamente pessoas que nunca leram manuel ferreira patrício (tanto que eu engulo as nossas discussões, caro professor), nem sabem quem foi ou o que escreveu paulo freire; ouvi, insinuei uma questão e calei-me, arrepiado

adequação / desadequada

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uma das coisas às quais me procuro adequar (e habituar) na mudança de poiso diz respeito ao conjunto de normas, aos critérios, aos processos e procedimentos de uniformização administrativa existentes; por muito incrível que possa parecer a muitos, os procedimentos (tipificação, execução, padronização, processamento) diferem significativamente de sítio para sítio, de setor para setor, de instituição para instituição; o que me espanta é a manutenção de procedimentos (regras e critérios) que são oriundos do século passado, de um tempo em que, por exemplo, as atas eram escritas à mão; em muitos sítios e de muitos modos, transposeram-se regras e normas de elaboração de uma ata à mão para o século xxi, quando são feitas em suporte digital; passou-se por cima do tempo da máquina de escrever e mesmo do pc, mas mantém-se regras só por que sim; porque não consultar as normas existentes ? porque não equacionar que o mundo mudou desde o tempo da ata escrita à mão?

as eleições, a escola, os professores

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seria tema para mangas, diferentes teses de doutoramento e artigos de opinião; procuro ser contido; os professores e as políticas educativas - entre expetativas e ansiedades - deram uma maioria ao ps de Sócrates, penalizaram essas políticas, mais pelos meios que se assumiram mas não só, e viraram ao lado, à direita, na esperança de se encontrar um salvador pela exigência e pelo rigor hoje, 15 anos passados sobre a maioria socialista que conduziu Lurdes Rodrigues ao poder e 4 de Nuno Crato, os professores estão assim a modos que... órfãos; órfãos por não se ter um espaço de reconhecimento e assunção; por não existir um espaço de identificação profissional e ideológica; pelo medo de quem se sentiu duplamente traído; pela falta de expetativas que permitam e concebam outra organização à escola; pela sobrecarga de trabalho, de exigências e de moengas que tudo consome; pela falta de futuros; e não há nenhum partido político com capacidade de reinventar a escola e a educação?

sopas depois de almoço

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ontem questionava-me sobre e a educação? onde para, por onde andam os temas e as conversas em torno das propostas partidárias para a educação? estamos a pouco mais de duas semanas das eleições, é certo que a campanha ainda não começou, está-se em pré campanha; mas não oiço falar da educação, não vejo propostas sobre a educação, não se conversa nem se discutem ideias sobre ou para a educação - escola, ensino superior ou ciência; é um silêncio algo ruidoso sobre o tema; nem mesmo por aí, blogosfera, sala de profes conversas de café ec tertúlias profissionais, oiço comentários, observações sobre a coisa educativa e a sua relação com a campanha eleitoral; vá lá surgiu hoje e a preceito, a ver - com atenção ;

do que eu me safei

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chego a casa e dou com duas mensagens de aviso de carta registada com aviso de receção para levantar; olho para o remetendo e leio dgest; que raio, serão coisas ainda de um concurso ao qual fui opositor? mas dois avisos? não seria suficiente um? mas ao mesmo tempo também penso, afinal os avisos e as comunicações que recebi neste contexto foram simples mensagens de correio eletrónico; é esperar para ver; lá vou buscar a correspondência; atão na é que está lá escrevido que é da minha escolinha, qual dgest qual quê, afinal nem já os tribunais enviam coisas registadas com aviso de recepção; quanto muito apenas o registo, ponto, prescinde-se do aviso; mas é assim meu comandante, nem mais, para já e por enquanto - e sei que não me devo esticar muito - do que eu me safei :)

dinâmicas de trabalho

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um dos meus desafios deste ano letivo consiste em equilibrar (criar equilíbrios, definir alguns pontos de consenso, um qualquer meio termo entre dois conjuntos) entre o tempo de aula, em 7º anos reduzido a dois blocos de 45', e o desenvolvimento de estratégias de implicação do aluno no seu trabalho, na sua avaliação, na sua relação com a escola; e a coisa não se está a afigurar fácil cá pra mim; contras: a idade dos miúdos, que faz com que as ideias de autonomia assentem no trabalho do professor; o tempo de separação entre os momentos de aula, intervalo de uma semana, que faz com que o pessoal desligue e, pior ainda, se esqueça do que faz; o sentimento de novidade que imprimo a lógicas de trabalho que fazem com que, numa primeira fase, se estranhe e se rejeite; a favor a heterogeneidade dos grupos/turma - e a sua dimensão, poucos acima dos 20 alunos; o sentido de plasticidade, isto é, a capacidade de adaptação dos miúdos, muito superior à do adulto; pode também ser exp

conhecer e estranhar

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tenho de reconhecer que os primeiros tempos no meu novo poiso me tem provocado um sentimento de... receio; receio por vir de um concelho que caminha para a falência técnica por via do número e da percentagem de alunos com necessidades educativas especiais - acima dos 10% - a média nacional situa-se entre os 2% e os 3%; receio por me sentir num concelho onde as turmas, pelo menos as de 7º ano, são marcadas pela repetência sucessiva, repetida, onde a média etária dos grupos turmas está, por via dessas retenções, acima dos 13 anos, quando devia estar nos 12 - numa turma que tenho estão três alunos que já repetiram 3 vezes, 5 que repetiram duas e 8 que repetiram pelo menos uma vez; é obra; não procuro culpado nem responsáveis, mas eles terão de existir; para onde vai a escola? Que futuro a esta região? (imagem retirada daqu i)

desafios

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gosto da minha profissão; mesmo no meio das moengas e de algumas contrariedades, tenho de reconhecer que gosto da profissão, é desafiante, estimulante; este ano vou ter uma nova experiência, trabalhar no âmbito do ensino de adultos nesta coisa designada de cqep, qualificação e ensino profissional (as novas oportunidade de passos coelho e nuno crato); considero um desafio; desafio de perceber as dimensões sociais e pessoais que estão colocadas neste processo; perceber o nível de resposta escolar a pessoas que saíram do sistema, muitas delas forçadas, orientadas para essa saída e que a ele retornam; não é a minha praia, mas é uma forma de me manter em estado de atenção ao que por aí se produz e desenvolve em termos de respostas escolares a questões que são pessoais e profissionais; mera curiosidade de quem gosta disto...

Presente ausente

Não estou por aqui, ando por aí; Trato de procurar enquadramento e contexto no meu novo poiso; procuro acompanhar o que não me dão; Em quase todo o lado se parte do pressuposto que, sendo nós professores, que todos temos a mesma informação e o mesmo conhecimento sobre tudo - ou quase; E não é bem assim; ando aos papéis, a conhecer as coisas por aquilo que consigo ler e aprender do que ouço; E há coisas que estranho

das ciências

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uma das coisas pelas quais me bato passa pela valorização daquelas que são designadas como ciências sociais e humanas; em tempos em que o papel da ciência se procura restringir às ditas ciências naturais, em que as ciências humanas são desvalorizadas e depreciadas (pela empregabilidade, pelas suas dimensões menos instrumentais) remo em sentido contrário e defendo que a capacidade crítica, de análise, política e de cidadania passa em muito (mas não exclusivamente) pelas ditas ciências sociais; esta desvalorização vê-se nas escolhas dos pais e dos alunos, na estrutura curricular entre disciplinas estruturantes e as outras e mesmo nas ofertas locais; quando estão em causa processos de desinteresse e alheamento, de falta de sentidos ao trabalho escolar, de ausência de rotinas em termos de dinâmicas pessoais e escolares atão não é que se acentuam as componentes que pretensamente estão na base de tudo isso, as ciências naturais e se desvaloriza o social? e depois diremos, por que é

diferente mas o mesmo ou o mesmo diferente ?

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ao mudar de poiso levamos connosco ideias, umas feitas outras a fazer; criamos, mentalmente ou não, pontos de referência no sentido de estabelecermos zonas de alguma segurança na instabilidade que a mudança acarreta em si mesma; ouvimos, vemos e analisamos as coisas com base no quadro de referência que temos e que reporta ao poiso anterior; há quem faça juízos e defina valores, é melhor, é pior; por mim procuro apenas referenciar o que em meu redor se passa e há coisas iguais e diferentes entre um e outro dos poisos, como há coisas diferentes que são iguais e iguais que são diferentes; difícil de perceber? acredito não explico mas dou um exemplo que muito certamente terá cabimento em muitos lados; criada uma turma de ensino vocacional, perfil do aluno, desinteressado, alheado, indiferente, com falta de hábitos de estudo e de trabalho, sem autonomia, contexto social e/ou familiar desestruturado, etc, etc; e eu pergunto, onde é que já ouvi isto? e eu comento (agora só mes

em processo

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estou em processo de integração e de aprendizagem; novo poiso, algumas lógicas diferentes, processos diferentes, regras e critérios de atuação que têm e assumem outras lógicas; nada de monta; olho, observo, registo; mas são pequenos nadas para quem está e é dali e coisa de monta para quem chega de novo; ao contrário de outros setores, a saúde, por exemplo, não há um processo de integração efetivo, é toma lá e faz-te à vida; e eu faço-me à vida, pela escrita, pelos registos; e, por muito incrível que possa parecer à minha pessoa, tenho estado calado, falar só uma ou outra questão de esclarecimento, de dúvidas, de funcionamento e/ou organização; mas já me perguntaram o que é que eu escrevo tanto que não paro; escrevo ideias, notas de uma observação que, ao longo dos meus últimos anos, tenho aprendido a fazer e a registar de modo diferente daquele com que o fazia antes; também aqui estou em processo, em aprendizagem, até de mim mesmo;

sobre a desconstrução

eu sei que os tempos não estão para moengas; eu sei que as preocupações e os afazeres são mais que muitos; eu sei que temos mais que fazer do que nos preocuparmos com isto ou com aquilo; eu sei - ou julgo saber mas se assim é para quando um tempo em que nos possamos pensar, nós, professores e funcionários do ministério da educação? para quando pensar em desconstruir procedimentos que vêm do tempo da minha avozinha, refazer rotinas instaladas para segurança não se sabe de quem, repensar lógicas de organização que todos prejudicam mas que permanecem, des naturalizar o que são opções de política (local ou nacional)? para quando termos um tempinho para nos pensarmos enquanto gente, elementos licenciados (ou com maior grau), re estruturarmos processos e procedimentos? para quando perdermos o medo de pensarmos e fazermos diferente? para quando perdermos o medo de pensar?

expetativa e espanto

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ao mudar de escola muda-se de registo e de orientações; era pelo menos o que eu esperava; não me importo que mude para pior, estou mais perto, fica muito mais barato, compensa para todos os efeitos; mas tenho de reconhecer algum espanto e alguma surpresa no que encontro em novo poiso; atão na é que dou com mais do mesmo aparentemente por outros, mas até fico desconfiado se não é pelos mesmos, ou seja, grelhas, burocracia, papeis, resmas, paletes de papeis; terá mesmo de ser assim? não há outra forma de organizar a escola que não passe por resmas de papel, montanhas de burocracias, toneladas de procedimentos administrativos? lá no fundo, lá bem no fundo, está o aluno ainda que rodeado de discursos e palavras pedagogicamente corretas, apelativas aos sentimentos escolares dos professores, mas desprovidas de sentido prático; será que não se consegue pensar noutros modos de organizar a escola? afinal para que servem plataformas informáticas, estruturas de CRM - customer relation

sobre a colaboração

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para além das conversas, das retóricas e de ideias, há coisas que se vão construindo pelas vontades, pelas palavras, pelos convites; dou hoje início a uma colaboração com o sítio ComRegras que nem sei onde nos levará - afinal o caminho faz-se caminhando; é um sítio e uma abordagem algo diferente daquela que aqui costumo trazer, desde logo são notas mais extensas que o habitual, uma temática mais coletiva e genérica, menos polítizada mas sem perder a dimensão educativa; de quando em vez insurjo-me pela temática que originou o sítio, os comportamentos escolares, mas, o mais das vezes, falo de comportamentos sem os referir, sem os nomear por intermédio de causas, de processos, de implicações; hoje surgiu o primeiro ponto da reta que se pretende traçar, se serão muitos ou poucoso s pontos que constituirão essa reta cá estarei (espero eu) para ver e para fazer com que sejam pelo menos alguns;

curiosidade vocacional

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este ano irei ter um grupo/turma do ensino vocacional; já me estou a preparar para perceber como se constrói localmente o currículo vocacional, se estruturam ações (estratégias e metodologias) ao nível da direção (sentidos e opções), do trabalho dos professores (planeamento, conteúdos, instrumentos de avaliação), dos alunos (envolvimento, perceção e implicação) e mesmo dos pais/encarregados de educação (aceitação, perspetiva, relação); enviam-me, para me preparar para reunião, uma proposta de trabalho oriunda de uma outra escola; dá para perceber que, apesar de curso vocacional, as matérias (os conteúdos programáticos) não diferem em nada do ensino regular, provavelmente variarão metodologias, estratégias e critérios de avaliação; já com os currículos alternativos (onde defendia uma escola e não currículos alternativos) e agora nas opções vocacionais falha-se na estratégia de envolvimento e implicação dos docentes que alteram critérios e regras de avaliação e não metodologias d

opções e construções

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no mesmo dia em que saíram as colocações do ensino superior fiquei a saber de dois alunos que mudaram radicalmente de vida e de opções; um, terceiro ano de veterinária muda-se para design; outro troca matemática aplicada por direito no final do primeiro ano; um e outro fizeram, como alunos externos, as disciplinas em falta de ensino secundário, o primeiro na área da história da cultura e das artes, o segundo em história A; surpresa para todos os que ouviam os rapazes a dar conta das suas opções; inicialmente ninguém conseguiu comentar, só momentos de depois da surpresa, claramente generalizada, alguém pergunta se estão malucos; não estão; o pessoal constrói e define os seus sentidos de vida cada vez mais tarde, exatamente como em tudo o resto, crescemos mais tarde, tornamo-nos adultos mais tarde, casamos mais tarde; a grande treta é que a escola prepara mal estes sentidos, organizada que está para processos de normalização e homogeneização;

sessão solene

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ontem lá inaugurei, de forma efetiva e prática, o meu novo ano letivo; ao mudar de escola procuro ir para ver e ouvir, aprender e pensar sobre mim mesmo; é certo que tenho ideias (muito) próprias e arreigadas sobre a escola e sobre a educação, é certo que o meu feitio me leva a questionar, quando não mesmo confrontar situações, mas quero ouvir, ver e apreciar; e ontem ouvi duas coisas que destaco da boca da minha diretora na sessão geral; a referência, quase que de passagem ( un passant ficava melhor), ao gabinete de apoio e prevenção à indisciplina; objetivo, acolher alunos que não conseguem estar em sala de aula (sic); nos tempos que correm parece que não há escola que não tenha coisa desta; o apelo feito ao trabalho colaborativo, a retomar o que, segundo ela, se perdeu com a avaliação de desempenho, a camaradagem, a partilha, a colaboração; mas perdeu-se ali como na generalidade das escolas e agrupamentos deste país; é que, para a generalidade dos docentes dizer e falar d

tecnologia

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capa do jornal destak de hoje; duas notas apenas; o apelo - ou a indicação, para ser simpático e não dizer ordem - que os pais dão para a escola dos filhos, determinando, impondo, definindo em função dos seus interesses, lógicas, dinâmicas, estratégias e eventuais projetos; na ausência de uma ideia de escola existirão inúmeros diretores que vão atrás, como as baratas tontas, a responder ao solicitado como se fosse forma de agradar "ao cliente"; recentemente colocado numa escola recentemente intervencionada pela ParquEscolar não tenho rede, é soluçante e periclitante; é o que temos, há quem mande (não interessa se bem se mal, se oportuno ou coerente com o que se faz) e temos os nossos contextos, essencialmente de sobrevivência;

vergonha

hoje não escrevo (???!!!!), sinto-me envergonhado com esta europa que todos construímos, é certo que uns mais que outros, mas sinto-me envergonhado; as imagens chocam, confrontam-nos com os nossos valores, com pregões de sempre, da solidariedade oca às palavras vazias; sinto vergonha das imagens, do atropelo, da canalhice que uns e outros nos fazem; sinto-me envergonhado por estar na escola a transmitir a jovens ideias e ideias democráticos, de respeito, de tolerância, de acolhimento, valores e crenças que nos ocupam o espírito há mais de dois mil anos, mas do qual fazemos, persistentemente, tábua rasa, folha em branco, papel esquecido;

transferências

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a imagem dá conta da notícia de capa do dn de hoje, refere-se às transferências de competências do ministério da educação para as câmaras onde e por sua vez, estas as transferem para as escolas, isto é, para a pessoa de cada um dos diretores; vamos por partes; este discurso de transferência é uma atualização das lógicas da autonomia que nos inundam desde os idos anos 80; discurso que tem com ele uma mesma preocupação, custos; de princípios não sou contra a transferência de competências, em si não é bom nem mau, é, o que se fará com essa transferência aí é que pode ser mau ou bom; esta subdelegação de competências mais não é que um aliviar de responsabilidades e uma espécie de outorga de compromissos de futuro; se correr bem todos ficam bem na selfie , se correr mal há um culpado que não precisa de votos para poder ser incriminado, apontado; entre uma e outra das considerações fica a faltar uma coisa essencial ao portugal democrático, consciência de si e dos seus atos, capa

comparação

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seja quem for que disser que, na escola portuguesa (escola pública, entenda-se) trabalhamos pouco/muito (consoante os gostos) ou que os períodos são longos/curtos ou que temos muitos/poucos feriados, sempre ao gosto do freguês, é bom que tenha ideia do que diz, com ideia do que diz quero apenas dizer conhecimento do que se passa nos outros países, mais não seja no nosso vizinho; um estudo da união europeia permite comparar a organização do tempo letivo pelos diferentes países; ficamos a saber que: somos dos temos o maior período de férias de verão, p. 4; somos do que temos menos dias de interrupção letiva no decurso do ano; para quem gosta desta coisa chamada escola, vale a pena,

mais um

exatamente como há 26 anos atrás, era o dia 1 de setembro de 1989, apresentei-me de manhã na sede do meu novo poiso, o ae de montemor-o-novo; há 26 anos atrás foi o meu primeiro dia como docente dos ensinos básico e secundário; hoje é mais uma etapa que se percorre da profissão que escolhi - e fui eu que a escolhi, não fui escolhido; hoje de manhã comemorei o aniversário e regressei a uma casa por onde já tinha passado; primeira nota, apesar de terem passados 10/11 anos (ou kilos) desde que ali estive, gostei de ser reconhecido e recebido por funcionários e docentes que ainda lá estão; sinal que não serei uma bestinha assim tão, tão...