da indiferença
ainda a propósito da indisciplina;
todos, ou quase todos, se preocupam e se sentem atormentados pela crescente conflitualidade e tensão que se sente em sala de aula e na escola;
todos, ou quase todos, têm e expressam opiniões sobre o que fazer e como fazer para acabar com a indisciplina; opiniões que veiculam ideias e papéis e objetivos e funções de aluno, de professor, dos pais, das mães, de escola e da relação que existe entre escola e contextos sociais;
como se muitas dessas ideias não fossem em si e entre si contraditórias com as dimensões disciplinares que procuram incutir e implementar, porque pressupõem clareza onde existem dúvidas, separação onde se promove a integração, segregação onde se pretende agregação, cumplicidade onde se quer conivência;
quase todas as medidas propostas e discutidas parecem assentar em varinhas mágicas, poções maravilhosas, atitudes de determinação e força que acabariam com todo o desinteresse, a indiferença que promove a tensão e desencadeia a indisciplina; na generalidade são medidas punitivas, individuais, circunstanciais;
todos ou quase todos ficam muito surpresos por que, afinal, e apesar das medidas tomadas e adoptadas, a indisciplina ainda grassa e cada vez mais, e cada vez mais a roçar a violência;
mais surpresos ficam quando, depois de tanta conversa, querem lá ver que a indisciplina lhes caiu, não no colo, mas na sua sala de aula, na sua turma, consigo mesmo? afinal não é um problema dos outros, também me diz respeito;
afinal, o que fazer? nada é impossível senão isto vira mesmo caos (mas algumas aulas/turmas não são já um caos?);
precisa-se apenas de algumas poucas coisas, direi duas, uma e outra tão fáceis quanto complexas, tão próximas quanto difíceis de gerir, tão estruturantes quanto delicadas, tão fartas quanto precárias
tempo e política;
tempo para ouvir, para participar, debater e decidir; tempo para cicatrizar feridas, para derrubar obstáculos, para conhecer o outro; para perceber afinal o que nos mói, de experimentar, de ousar, de testar, de avaliar, depois mais tempo para fazer tudo de novo, uma e outra vez, as vezes que forem precisas;
políticas para dar sentidos, para saber decidir, para ir, escolher, políticas de escola, de nós mesmos, da nossa relação; afinal com quem quero estar, com quem quero ir, para onde ir e como ir; políticas que são escolhas nossas, de todos e não de alguns, que são de futuro e não de passado;
caramba, a indisciplina é aborrecida,
não não é, somos nós em relação e ação
todos, ou quase todos, se preocupam e se sentem atormentados pela crescente conflitualidade e tensão que se sente em sala de aula e na escola;
todos, ou quase todos, têm e expressam opiniões sobre o que fazer e como fazer para acabar com a indisciplina; opiniões que veiculam ideias e papéis e objetivos e funções de aluno, de professor, dos pais, das mães, de escola e da relação que existe entre escola e contextos sociais;
como se muitas dessas ideias não fossem em si e entre si contraditórias com as dimensões disciplinares que procuram incutir e implementar, porque pressupõem clareza onde existem dúvidas, separação onde se promove a integração, segregação onde se pretende agregação, cumplicidade onde se quer conivência;
quase todas as medidas propostas e discutidas parecem assentar em varinhas mágicas, poções maravilhosas, atitudes de determinação e força que acabariam com todo o desinteresse, a indiferença que promove a tensão e desencadeia a indisciplina; na generalidade são medidas punitivas, individuais, circunstanciais;
todos ou quase todos ficam muito surpresos por que, afinal, e apesar das medidas tomadas e adoptadas, a indisciplina ainda grassa e cada vez mais, e cada vez mais a roçar a violência;
mais surpresos ficam quando, depois de tanta conversa, querem lá ver que a indisciplina lhes caiu, não no colo, mas na sua sala de aula, na sua turma, consigo mesmo? afinal não é um problema dos outros, também me diz respeito;
afinal, o que fazer? nada é impossível senão isto vira mesmo caos (mas algumas aulas/turmas não são já um caos?);
precisa-se apenas de algumas poucas coisas, direi duas, uma e outra tão fáceis quanto complexas, tão próximas quanto difíceis de gerir, tão estruturantes quanto delicadas, tão fartas quanto precárias
tempo e política;
tempo para ouvir, para participar, debater e decidir; tempo para cicatrizar feridas, para derrubar obstáculos, para conhecer o outro; para perceber afinal o que nos mói, de experimentar, de ousar, de testar, de avaliar, depois mais tempo para fazer tudo de novo, uma e outra vez, as vezes que forem precisas;
políticas para dar sentidos, para saber decidir, para ir, escolher, políticas de escola, de nós mesmos, da nossa relação; afinal com quem quero estar, com quem quero ir, para onde ir e como ir; políticas que são escolhas nossas, de todos e não de alguns, que são de futuro e não de passado;
caramba, a indisciplina é aborrecida,
não não é, somos nós em relação e ação
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