do deve e do haver

a partir daqui digo também de minha justiça;

vamos entrar em balanço, numa contabilidade excecionalmente delicada entre o deve e o haver das políticas educativas - e de tudo o mais;

aproxima-se a seally season, mas também a campanha (pré ou evidente) para as próximas legislativas; 

tudo se dirá, todos os balanços se farão; digo dos meus na área educativa, pelo menos para já; 

impressionante como nem damos por isso, mas, desde 2011 para cá tudo, mas tudo mudou na política educativa; direi que não deve existir um único diploma, uma única área, um qualquer recanto da educação onde este governo não tenha entrado, umas vezes qual elefante em loja de porcelana, outras com a delicadeza de uma aventesma e outras com pertinência ou mesmo e talvez com alguma razoabilidade (por muito que eu não consiga perspetivar qual e onde, mas pronto, deve existir); 

com base num discurso estudado e planeado, assente no rigor e na exigência - coisa cara aos profes - prometeu implodir a 5 de outubro, diminuir a burocracia, recuperar o ânimo e a credibilidade de um grupo que antes tinha ficado farto de políticas e de opções; 

mandou embora milhares de profes, contratados, de longa data, memórias de escola e da educação; 

acantonou os profes em salas de aula, assoberbados com turmas, alunos, papeis e rankings, exames e plataformas informáticas que controlam tudo e todos; 

em nome da autonomia criou fórmulas estatísticas que dos 22 tempos passaram a 1100 minutos, recriou apoios e estratégias de apoio, acabou com os planos curriculares de turma ou os planos individuais de recuperação, mas criou, em seu lugar, os planos de trabalho de turma e os individuais de trabalho - moscas diferentes para uma mesma merda ou pior que isso; insinuou a democracia com recurso à alteração do 75/2008 que de indicação de um passou à indicação de três; 

aumentou o horário de trabalho, o número de turmas por docente, o número de alunos por turma; cortou vencimentos, condições de trabalho, expetativas e carreiras, mas o pessoal aguentou e aguenta, estoicamente; 

os resultados caíram a pique nos barómetros internacionais, acrescentem-se metas, indicadores, alterem-se estatísticas, objetivos, faça-se mais do mesmo mas com muito menos e veremos como recuperamos; 

não há diploma onde não surja a mesma advertência à laia de desculpabilização, a avaliação de desempenho não pode ter mais de três folhas, as escolas devem reduzir o papel e a burocracia, os profes devem limitar os papeis ao mínimo essencial, como se isso fosse suficiente para as obrigações impostas, para os objetivos definidos, para as opções assumidas; 

engraçado, muitos que nos primeiros tempos se mostraram azedos com as opções, críticos quanto às escolhas, desiludidos quanto às práticas são agora uns quantos mesmos que dizem que não há alternativa, que é tudo igual, farinha do mesmo saco; 

tábém tá, antónio ferro não teria feito melhor...

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