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Feliz Natal

a quem por aqui passa a amigos e conhecidos, leitores e curiosos, colegas e outros FELIZ NATAL

soluções?

deixei respirar a posta anterior, ganhar corpo, como um bom vinho alentejano; apesar das questões considero que há soluções, não são milagres, mas propostas de trabalho; direi que assentam em duas dimensões (que há muito defendo e apregoo): formação - dos docentes para gerir e criar diferentes dinâmicas de sala de aula, para individualizar e particularizar oferta, trabalho, propostas; também à gestão para que pense e faça de maneira diferente; organização - flexível, adaptada, individualizada, com capacidade de considerar contextos e circunstâncias; uma sem a outra carece de oportunidade, uma e outra precisam de tempo e de mecanismos de avaliação;

E o que se passa com a escola

Depois da minha mensagem anterior, sobre coisas óbvias, algumas notas apenas deste lado; De acordo com o sítio da pordata em pouco mais de 10 anos o investimento em educação mais que duplicou; Na escola estão hoje inúmeros técnicos que antes ou não existiam ou simplesmente não faziam parte da realidade escolar - psicólogos, terapeutas, assistentes, técnicos da saúde, metodólogos, and so on; Hoje a escola tem uma rede de parceiros de malha fina e estrutura alargada; contempla desde os elementos cooptados para o concelho geral como inúmeros outros - IPSS, rede institucional, associações várias, colaboradores e parceiros, sociais e locais, regionais e de maior abrangência; O corpo docente alargou a sua formação e hoje estão na escola inúmeros mestres e doutores como a formação especializada se diversificou e considerou os contextos como lócus de formação e de ação; Para além disso, é, por força das circunstâncias, conhecedor, experimentado e relaciona-se intimamente com o seu context

coisas obviamente parvas

alguns pensamentos meus que decorrem das minhas reuniões de avaliação.  Nas reuniões em que já estive pude confirmar que os “bons” alunos tiveram boas notas, que os “maus” alunos tiveram más notas.  Dirão, coisa inevitável e óbvia; que é óbvio é, que é parvo, também considero que seja; Se é tão óbvio qual o papel da escola afinal?  Onde fica a escola (entendam-se os professores) no apoio a quem tem dificuldades? O que compete à escola na criação de equilíbrios e nas compensações de quem tem ou sente limitações escolares ou sociais? Afinal, a escola limita-se a reproduzir e a acentuar as diferenças, as desigualdades?

conversas piquininas

ao longo do período questionei-me sobre comportamentos, resultados e aproveitamentos dos alunos, nas turmas com quem trabalho; pouco ouvi dos meus colegas ao longo do período; as respostas iam no sentido da admiração (e alguma surpresa), na sala de professores falam-se, comentam-se comportamentos nada de resultados; no final do ano oiço a surpresa dos resultados, os comentários sobre o rendimento e a admiração pelas notas; mas à boca piquinina, nada de comentários, nada de extensões

concordância

final do período; mais que uma (auto) avaliação procuro, na pergunta que faço em final de período, perceber a concordância entre aquilo que o aluno pensa sobre o seu trabalho e o trabalho realizado na disciplina e a sua avaliação e aquela que eu perceciono e concebo ao aluno; em, números redondinhos, 100 alunos determinei 6 divergências, todas de nível 5; gosto

papéis e papelada

despistado que sou com papéis, claramente avesso a extensos dossiês, elaborei uma lista de procedimentos para que não me esqueça de nada aquando da realização pelo menos da minha direção de turma; a lista dá conte de: pauta provisória ata prévia plano de atividades da turma plano de apoio e recuperação da turma planos de apoio pedagógico de alunos síntese descritiva de turma e aluno sínteses e adaptações de alunos com necessidades educativas especiais grelhas onde se comprova a utilização dos instrumentos de avaliação chega ou querem mais...

avaliações

a avaliação é sempre um juízo; juízo sobre o feito, o que não se fez, o que ficou por fazer; os profes também não facilitam nem simplificam a sua própria vida, por incrível que possa parecer, as grelhas e a matematização da avaliação, por pretensa objetividade pretendida, criam elementos abstratos, indutores de juízos aleatórios, de juízos com base nos momentos de teste (?); 75+65 = 4 será? terá de ser? pessoalmente julgo que não e estou disponível para justificar procedimentos e processos, opiniões e juízos; aluno e respetivo portefólio de acordo com indicações dadas e disponíveis no meu sítio;

passantes

e, com uma indicação ou outra por via de facebook, e é vê-los passar por aqui; uma roda vida, uma aceleração que até fico cansado; mas obrigado por passarem

Arriscar e saber ou saber arriscar

Relato interessante de uma prática que não se ficou pelas conformidades, nem pelas grelhas, nem pelos receios estuipidificantes e petrificantes; Há quem acredite; Há quem faça; A diferença entre o ontem e o amanhã, na escola mas não só, reside em quem faz por que sabe e sabe por que faz; De tão simples que é, até irrita Mas há quem faça!

a quem interessam os rankings escolares?

direi, na minha santa insapiência, que a dois grupos de gente: a todos, desde gente do ministério aos pais/encarregados de educação, passando por docentes e alunos, municípios e pessoal administrativo e operacional; serve para apontar, criticar, descobrir e revelar, conhecer e confirmar, falar e omitir; a ninguém, pois não vejo, por onde a minha vista alcança, qualquer alteração, mudança de estratégia, outras metodologias de trabalho, apenas conversa de chacha, indiferença conversada, espantos contidos,

o portefólio como estratégia

não me fico pelo questionar, simples ou elaborado, nem pela interrogação, seja ela metódica ou indutora da ação; assumo, por muito que por vezes não escreva, que gosto mais de discutir as soluções do que amassar os problemas - por muito que isso possa não (trans)parecer por esta escrita; para enfrentar alunos que não querem (pura e simplesmente não querem) aprender estou a utilizar o portefólio; habitualmente já o utilizo enquanto instrumento de organização da avaliação; agora uma vez que não há conteúdos a integrar no portefólio, peço que o aluno escreva, de princípio pequenos textos, quem sou, de onde sou, como sou, por que sou, o que quero ser; depois oriento o trabalho do aluno, mediante um ou outro desenvolvimento do texto, da sua escrita; pego no que foi escrito e como foi escrito e pergunto porquê? para desenvolver uma ou outra ideia; que é certo e seguro? que resulta? não sei, experimento; se não der volto a outra, experimento de outro forma ou de outro modo, logo

eu mesmo

ontem questionava-me sobre que razões levarão alunos ditos normais a alterar significativamente o seu comportamento e a sua atitude, a criarem um significativo desinteresse e indiferença pela escola, pelas aulas e, consequentemente, por eles mesmos; hoje interrogo-me eu mesmo; ao trabalhar com turmas pretensamente regulares marcadas pelo alheamento, indiferença e desinteresse questiono-me se serei eu que não consigo mobilizar os alunos? serei eu que não consigo identificar estratégias ou metodologias de envolvimento? serei eu que não consigo pensar em dinâmicas de envolvimento? serei eu?

políticas e dúvidas ou dúvidas políticas

perante o desinteresse, o alheamento, a profunda indiferença que a escola cria e instiga em muitos (veja-se a minha anterior entrada) como podem e de que forma podem as políticas educativas enfrentar, ajudar, considerar soluções e propostas de trabalho? qual o papel das políticas educativas na gestão dos desinteresses, do alheamento, das indiferenças escolares, educativas e pessoais? qual o papel das medidas de política no sentido de equacionarem e considerarem as diversidades e heterogeneidades, os contextos e as circunstâncias de um todo que é mais, muito mais, que a soma das partes (distritos ou regiões) que o compõem?

em transição

pergunto-me sobre o que leva um conjunto de alunos que podem ser categorizados e enquadrados numa avaliação de razoáveis, por que ou nunca ficaram retidos ou tiveram uma retenção, que nunca apresentaram nem foram identificadas dificuldades específicas (para além das habituais dificuldades de leitura e interpretação), cujos pais/encarregados de educação estão e são elementos presentes, que estão enquadrados em contextos sociais e familiares ditos "tradicionais" a criarem um profundo e significativo desinteresse à escola? o que leva alunos regulares onde, de partida, tudo aponta para um percurso escolar dito normal (sequencial, de transição, uma ou outra dificuldade mas que não inviabiliza o percurso) a criarem uma aversão quase "patogénica" ao trabalho escolar? o que leva alunos com idades entre os 10 e os 13 anos onde todos (sociedade e família) olham com expetativa e ansiedade o percurso escolar, em quem depositam esperanças e alguma fé a desistir da escola e d

um certo reconhecimento

uma coisa mais pessoal mas que passou (e passa) pelas aulas; tenho de reconhecer e fazer o reconhecimento público do quanto devo aos pais pela formação que tenho; recebo a filha ao fim de semana, tempo de labuta e cozinha, de afazeres e comentários, ditos e alguns desaguisados decorrentes de um tempo que se faz diferente, de um espaço que se acentua mundovisões e formas de crescer; vendo a minha filha pergunto-me e reconheço ao mesmo tempo, o papel e a ação dos meus pais na minha formação; eu que me formava, eles que do espírito académico apenas o da pomba do colégio do espírito santo; como conseguiram eles apoiar o filho num processo para eles totalmente desconhecido? como encararam eles o meu crescer em mundos e visões, em ideias e valores, por vezes tão distantes quanto diferente daquelas que me transmitiram? que pensaram, que sentiram eles quando me ouviam entusiasmado mas distante deles, desconhecido para eles? ao ouvir a minha filha em pausa de meio da semana, sinto o

oferta complementar

enquanto diretor de uma turma sou resposnável por uma disciplina que quase todos criticam desde sempre, fosse ela no tempo da área escola, do estudo acompanhado ou da área de projeto ou formação cívica; apesar de quase todos a terem criticado na minha escola disseram para que fossem abordados os comportamentos, como no ano anterior tinham dito o mesmo - antes criaram-se algumas orientações, este ano a desorientação interessa-me, dá-me jeito; trabalhei comportamentos, relações, atitudes; hoje 4 grupos apresentaram, o último quase à pressa; foi interessante perceber como os alunos se vêem uns aos outros e vêem a relação com os profes; interessante perceber que apesar das ideias feitas sobre indisciplina e que apesar do cpy e cola de muitos sítios se opta por ideias de regras, de orientação e de exemplo; gostei, irei convidar os alunos a apresentar o trabalho junto de colegas e docentes;

uma brincadeira

na escola esta e a próxima semana serão dedicadas à avaliação, aquela que eu faço, mas também à dos alunos e pelos alunos; procuro organizar as coisas numa tripla dimensão; 1, pelo portefólio do aluno 2. por formulário de avaliação 3. por descrição e comentários ao vivo e a cores e esta é a ordem que procuro seguir, por questão de ajuda (como de orientação) à construção dos comentários; o cruzamento das diferentes dimensões permite-me perceber interseções, mas também algumas divergências (sejam elas de opinião, trabalho ou vinculação); hoje, ao iniciar com uma turma os comentários, percebi que os comentários iam que "as aulas deviam ser mais divertidas"; mas as aulas têm de ser divertidas ou este é o nosso espaço de trabalho? é que podemo-nos divertir com o trabalho, mas é trabalho na mesma, não é diversão; é uma ideia algo inculcada na cabeça de muitas crianças e que alguns adultos alimentam, para ser menos secante, para ser mais simpático, para sermos aceite

anormalidade normalizada

ando para perceber se a distância criada entre nós, humanos, e o contexto social e político (mas também cultural) dos tempos que correm é apenas uma ligeira indiferença, uma qualquer forma de ignorância ou mero e simples desprezo/desconsideração; poucos comentam o que considero eu pois claro, muito que há para comentar, seja do governo, seja das políticas - em particular as setoriais e/ou sociais, aquelas que implicam e mexem com cada um de nós; quando se comenta faz-se à boa maneira portuguesa, entre uma piada ou outra, alguma descontração a resvalar para a indiferença pejurativa; e os tempo correm normais dentro daquilo que considero ser alguma anormalidade; afinal na escola pouco interessa por esta altura, que não passe por começar a organizar a barafunda da papelada que se terá de preencher no final do período, de ver e corrigir testes ou de dar resposta à palete de papelada à qual poucos, muito poucos mesmo, ligam alguma coisa; depois, haver ou não haver delegação escola

do programa

a esta hora discute-se o programa de governo na assembleia da república; enquanto isso acontece algumas notas sobre a dimensão da educação; 1, entre o programa expresso, o oculto e o praticado por onde nos ficaremos? não registo uma estratégia de articulação com a juventude, p.e.; 2. gosto imenso da ideia onde se afirma que «A educação é um meio privilegiado de promover a justiça social e a igualdade de oportunidades. A nossa política educativa garantirá a igualdade de acesso de todas as crianças à escola pública e promoverá o sucesso educativo de todos, designadamente ao longo dos 12 anos de escolaridade obrigatória» e que, para o efeito, se irá centrar «na escola e na sua organização, autonomia e iniciativa, para a identificação das estratégias mais eficazes»; se a isto se juntar a possibilidade de «Incentivar a flexibilidade curricular, desde o 1.º ciclo, recorrendo a diferentes possibilidades de gestão pedagógica, gerindo com autonomia os recursos, os tempos e os espaços escola

sobre crises

que a educação e a escola estão e andam em crise, todos sabemos, seja qual for a geração a que cada um pertença, já ouviu, comentou ou opinou sobre a crise que graça na educação; já foram escritas inúmeras páginas, imensas bíblias sobre a crise educativa, dos valores e coisas que tal; chaga-se ao ponto de se afirmar que afinal a única estabilidade que existe é a mudança; se assim for ou se assim é, então a crise escolar ou educativa são elemento genético da vivência escolar e educativa; mas este é um ponto de vista interessante e no qual me revejo significativamente; o caráter instrumental da educação e da ação escolar é, grandemente, um dos elementos essenciais para uma dada perceção da própria crise escolar e educativa que se vive, em particular neste século; a desvalorização das dimensões sociais e humanas, da qual não desligo em nada, as expressões (artística e física) em muito contribui para essa dimensão de crise; querer associar a formação escolar a uma profissão (h

o achismo

nova/velha figura da filosofia tuga, o achismo assenta naquilo que cada um acha, ou deixa de achar, sobre tudo e sobre nada; dizia-me há dias um distinto conhecido com quem trocava ideias que todos achamos qualquer coisa, se bem que ninguém tenha perdido coisíssima nenhuma, mas achamos sempre alguma coisa; eu acho... é uma forma de muitos começaram uma conversa, afirmarem perentoriamente alguma coisa da qual pouco sabem, alguns dizem conhecer e todos acham (ou achamos) qualquer coisa (e o seu contrário); há, também, quem goste de acabar a sua afirmação com um redondinho... acho eu, como se este achar fosse não uma exclamação interrogativa, mas uma questão afirmativa da sua certeza e convicção; aparenta deixar espaço aberto à discussão (enquanto troca de ideias) mas mais não é que um ponto final seguro do que se... acha; o achismo não utiliza ideias, nem argumentos, baseia-se em meras opiniões, sempre certas na sua convicção, mas sempre a deixar uma ponta de reviravolta, do seu

o ruído dos chocalhos

ora viva, uma comemoração por terra por onde já passei e pela qual já fui feliz; os chocalhos são património imaterial da humanidade ; é muito bem feita; parabéns; merecido;

o ruído dos contextos

tenho, na turma da qual sou diretor, uma nova aluna oriunda da zona centro do país; no decorrer da primeira semana sem grandes conversas, deixei a aluna a andar, com um ou outro pequeno apontamento ou sugestão; nada de monta, era de integração que se tratava; na segunda semana já a abordei sobre a sua integração, diferenças, dificuldades, particularidades, o que destacava e como decorria o processo; uma colega, ao ouvir a conversa, vá de opinar, afinal as escolas são todas iguais, esta é mais uma ao que a aluna ripostou de imediato, como se estivesse preparada para a afirmação, nada disso, são escolas muito diferentes, em tudo, nos colegas, nos professores; e o que destacava ela nesse contexto, o ruído, é a coisa que mais a impressiona entre uma e outra das escolas; o ruído nos corredores, o ruído nas salas de aulas; o ruído é o que mais a incomoda;

quem manda na educação

mas afinal, alguém tem de mandar na educação? a propósito de um artigo desonesto e incorreto (se por opção se deliberadamente quem de direito que o diga); gosto de ler tudo o que me aparece sobre educação - e não só; sou plural nas minhas leituras porque só assim consigo ter uma opinião minha e ideias próprias; de tal modo que tive, durante muito tempo na minha antiga residência, o blogue daquele que veio a ser ministro da economia, álvaro pereira; como tenho nos feed muita gente com quem não concordo nem me revejo, mas considero úteis em termos de pluralismo, de ideias, de formação de opinião; agora assumam-se, saiam do armário, não tenham (ou tenham, não sei) vergonha e digam que a escola não é para todos mas de alguns, que o esforço e os apoios não devem ser públicos mas privados, que a concorrência não é salutar mas seletiva, que a escola serve, afinal, para diferenciar e descriminar, nivelar por competências básicas e funcionais, que o trabalho dos profes mais não é que cri

comentários

intervalo maior na escola por onde ando; a sala de professores não está cheia mas as mesas estão ocupadas; ao meu lado comenta-se o novo governo e a pressa de acabar com os exames de 4º ano; os comentários vão no sentido de agora os alunos chegarem ao 5º ano sem nunca terem pegado numa régua ou num transferidor, e eu pergunto, isso deve-se aos exames ou aos professores? respondem-me com a indicação que os exames são forma de responsabilizar os professores; e eu comento que a minha disciplina apenas tem exames no 11º e 12º mas que me sinto responsável pelos meus alunos e pelo seu rendimento escolar; mas isso é o colega (são sempre tão corretos os meus colegas em manter as distâncias): e eu pergunto, mas afinal o problema é dos exames ou dos professores? afinal os exames são para aferir rendimentos e aprendizagens ou para regular o trabalho dos profes?

pontes

pelas ruas da minha cidade a coisa parece dia de ponte, pouco trânsito, sem filas nem correrias; chego ao hospital para consulta externa e o mesmo cenário; pouca gente, espaço à farte, até tive sítio para parar a carroça que me levou; fico na dúvida, será que que o feriado da restauração já foi reposto e não dei conta? será que apesar das circunstâncias hoje o pessoal faz ponte? vá lá eu perceber os tempos...

esperar pelas surpresas ou surpresas a esperar

não me tenho metido (muito) pela área das políticas educativas, em particular dos nomes e das circunstâncias que fazem o novo governo; tenho de reconhecer alguma surpresa pelos nomes; o meu pensamento vai no sentido de perceber sinais, entender as indicações deixadas; tentar interpretar (quando não mesmo compreender) lógicas e pressupostos por que coincidências só mesmo o pai natal e o coelhinho da páscoa; para memória futura, pergunto eu: que objetivos estarão na base das nomeações de um jovem que de escola deve perceber pelo tempo pelo qual lá passou? que pressupostos estarão na base de nomear académicos e, essencialmente, teóricos entre metodologias e direito administrativo? que princípios estarão na base de recuperar a juventude e o desporto para a alçada da educação, coisa que não acontecia desde o princípio da década de 90 do século passado (se não estiver totalmente errado com couto dos santos)? como se perspetiva articular educação formal e não formal com informal e s

coisas de fim de semana

ao fim de semana gosto de fazer ... nada; deixar os dois dias fluírem por si, entre um gosto pelo sol e um apanhado de saudades da filha que regressa a casa; uma ou outra vez um pequeno grupo de amigos, mesmo muito pequeno, faz a companhia a qualquer coisa que se vá petiscando e bebericando; à boa maneira alentejana que arrasta as palavras pelo gerúndio da entoação; habitualmente não escrevo, mas penso-me; penso em coisas que devia ter feito e não fiz, coisas que devo fazer no decorrer da semana; desafios, projetos e ideias que mexam comigo de forma a pensar o que fazer; este fim de semana dei comigo a pensar que sinto saudades de desafios, de sentir algum stresse pelo trabalho, pelas ideias, de um trabalho estimulante e desafiante; limito-me a preparar aulas, a organizar estratégias para os meus alunos, a pensar ideias e dinâmicas, são desafiantes, é verdade, mas duram pouco tempo;  não estou em tempo de paixões, mas de sentimentos; sentimentos que talvez esmoreçam no decorr

ilhas

a escola portuguesa é um conjunto disperso de ilhas; pelo menos é essa a sensação que tenho; dificilmente, pelo menos pelo que me toca e por aquilo que conheço, são ilhas dispersas, soltas, longe, muito longe de se constituírem como um arquipélago; regiões insulares e isoladas, distantes e individuais; pouca conversa entre elas, pouco, incipiente e algo ineficaz conhecimento entre elas, conhecimento de dinâmicas, de processos, de ações, de projetos, de problemas como de soluções; cada qual está para seu lado; cada qual pensa o melhor de si, por que se olha ao espelho e se pergunta quem é a mais feliz; os outros as mais feias, por que são sempre os outros os culpados; é pena, seria útil uma qualquer ferramenta que permitisse interligar escolas, partilhar ideias e circunstâncias (não digo nem problemas nem soluções, apenas ideias); convém a alguém que se continue distante, isolado, que se mantenham as ilhas; porquê? para quê?

antes do ser...

fruto de reclamações e pedidos caíram as delegações escolares; não por tremor de terra, apenas os seus dirigentes que, fruto de concurso considerado inválido, deixaram de o ser; afinal, antes de o serem deixaram de o ser; esperam-se novidades, afinal a educação irá ter nova lei orgânica e com ela novas caras; como serão as políticas isso é coisa a esperar...

governo e governados

tenho, fruto de formação, vida e experiência, uma relação e um entendimento com o governo (ou o poder) algo distinta da generalidade; vou muito na perspetiva que considera que " (...) hoje, o poder adquire cada vez mais uma forma permissiva. Na sua permissividade ou até na sua amabilidade , depõe a sua negatividade e oferece-se como liberdade  (p.23), sendo assim, "uma forma eficaz de submissão e de subjetivação". ora isto para dar conta que se os novos chefes da 5 de outubro ou da 24 de julho ou dos muitos cantos e recantos por onde existe ministério da educação tomaram posse há agora novas expetativas; desde logo que alguém decida, que nos últimos tempos a coisa tem estado parada, um por que sabia que ia sair, outra por que sabia que durava pouco; não digo, face à faixa etária ou à experiência de cada elemento que pode ser assim ou assado, ou, em alternativa, cozido ou frito; espero, apenas espero para ver; pior do que está é difícil, portanto espero... mas que

silêncio

pois é, há quem diga que fugi do meu cantinho para lisboa; que fui à tomada de posse; :) nada disso, apenas e simplesmente mero silêncio; de vez em quando faz falta estar calado, pensar antes de escrever ou simplesmente não escrever;

das dificuldades

tenho de reconhecer que é difícil reconhecer as dificuldades dos profes; de um lado, de quem não é profe, torna-se quase inimaginável o quão duro e desgastante pode ser uma sala de aula; não há explicação que convença, palavras que descrevam ou sentimentos que se reflitam que possam dar conta de como é uma sala de aula - de, por vezes, esgotante, cansativa e não tem de ser por más ou inconvenientes razões; pelo lado dos profes, torna-se difícil ou quase impossível perceber que o outro, apesar de ser profe, pode assumir ideias, lógicas, princípios e valores tão diferentes dos seus quanto o dia da noite, o sol da lua; e ontem tive dois belos exemplos, uma colega que me diz que uma turma a desgasta de tal modo como se tivesse um dia completo e pleno de aula; tal o cansaço com que sai da sala; depois, três ou quatro docentes que trocam ideias que mostram o quão diferente pode ser a cabeça de um professor, apesar e para além de se ser profe, de ter em comum uma profissão e de part

dos exames

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aparentemente e segundo as notícias , tudo aponta para que os exames de 4ª ano não se realizem no final do presente ano letivo; para uns quantos isto é um ai jesus (eh pá já me estou a antecipar ao dia de amanhã) , os exames são, na cabeça de muitos, o indicador da exigência, do rigor, da fiabilidade da escola - como se, de uma penada só, os exames atribuíssem qualidades intrínsecas ao trabalho dos professores e fossem certificadores e garantia de esforço e estudo por parte dos alunos; o problema é que não são; o problema é que muitos irão apontar o dedo e sacudir a água do capote, desresponsabilizando-se e distanciando-se do que deve ser o seu trabalho - por parte dos profes de adequação de estratégias e metodologias, por parte dos alunos de empenho e esforço, por parte de pais/encarregados de educação de acompanhamento e regulação, por parte da escola e das políticas educativas de monitorização do sucesso e dos seus indicadores de desvio; certo, certo é que tudo continua

comportamentos

tenho de reconhecer alguma surpresa na descrição de comportamentos de uma (ou de várias) turmas da escola onde estou; são descrições que tocam o grosseiro, a manifesta falta de educação; mas também onde quase todos pedem ajuda e orientação, os professores por que se sentem confrontados, os pais por que não fazem ideia do que fazer, os próprios alunos que entre atenção e simples estupidez marcam terreno incerto; e o que fazer? essencialmente quando a coisa (a solução ou os comportamentos) não têm uma causa, mas muitas e diferentes, quanto não basta uns agirem mas muitos? falta cultura, faltam perspetivas de vida, precisa-se urgentemente de conhecer e ver outras pessoas, outros modos de ser e estar; desagua no rossio a falta de sentidos e de futuros, as diferenças entre o eu e o nós, o campo e a cidade, o passado e o futuro; e a escola sem soluções; a escola hoje não vai em frente, cava o buraco com o passado e deixa uns e outros de cada lado; onde estaremos nós?

dúvidas e incertezas

ontem tive oportunidade de trocar palavras e conversa com um colega sobre uma metodologia de trabalho em sala de aula; nota-se o meu entusiasmo, o gosto e o sentir de uma dinâmica de trabalho; no meio da conversa e entre outras circunstâncias uma pergunta, e os professores percebem do que falas? há pois, cada vez mais me sinto uma ave rara, eu falar falo, mas há muito que perdi o (auto)convencimento que era ouvido e, principalmente, que era entendido; sei que não me entendem, que não me faço entender quanto a lógicas, princípios, ideias, práticas de estar e ser professor; mas isso é problema meu, pois claro...

delta

falo do delta da sala de aula; espaço de confluências, confrontos, saídas e retornos, encontros e desencontros; a sala de aula é um local que, no mesmo momento e nas mesmas circunstâncias, tanto pode ser um espaço inóspito, árido, constrangedor, como acolhedor, confortante, claro; numa mesma aula tanto pode acontecer um como outro dos momentos, serem complementares, contíguos, simultâneos e/ou paralelos; hoje senti tudo isso numa mesma sala de aula; com os mesmos alunos; os ambientes variaram do inóspito e inconsequente ao confortante apego da palavra partilhada; são momentos e circunstâncias que fazem da sala de aula o delta de nós mesmos (alunos e professores), de momentos e circunstâncias; engraçado ou nem tanto, são momentos irrepetíveis, intransponíveis; nascem e morrem no mesmo sítio, no mesmo momento, nas mesmas circunstânicas; amanhã é outro dia, outro momento, outras situações e circunstâncias...

contextos e com textos

não conheço suficientemente o contexto (social e pedagógico) por onde trabalho e onde leciono; há coisas que de tão evidentes se tornam difíceis de compreender e perceber; outras há que se destacam ao olhar que não é preciso ser excessivamente acutilante; são coisas sociais, de uma história cultural que enfrenta tempos e contradições; há coisas que desaguam na sala de aula como se de delta se tratasse; por vezes percebe-se o que é, outras franzimos o sobrolho e não percebemos, não entendemos o que temos pela frente; o contexto (social e pedagógico) por onde me movimento dá disso conta, de contradições, de diferenças entre tempos; da gestão à sala de aula não consigo perceber algumas dinâmicas, alguns textos que circulam, discursos que não são nem justificativos nem argumentativos, mas que espelham estados de espírito - e não são coisas de fé, mas que comportam alguma crença em si mesmos; gosto de observar e sentir os olhares, os ânimos e os estados de espírito; e expressam-se

errar é humano

uma conclusão de um texto hoje colocado no comregras : Não será de valorizar o erro enquanto tal, mas também não será de o usar como elemento inibidor da ousadia e da autonomia individual e pessoal. Será, preferencialmente, de saber associar à avaliação, ao aprender com o erro e ir em frente, voltar a tentar, voltar a avaliar e repetir tudo de novo. Afinal, errar e humano .

boa interessante

comentário a esta minha entrada feito fora daqui, que por aqui o pessoal não comenta; gostei, perguntam-me por qual a escola onde se discutem processos, onde se falam das abordagens, onde se debatem estratégias, onde é que se conversa que não seja mera circunstância; é que os tempos e as modas não estão para conversas de chacha, para teorias abstratas, para coisas de somenos, e isso, de falar de estratégias, de abordar e articular procedimentos, de se conversar para se pensar, é claramente teoria, divagação, perda de tempo; na escola, na generalidade das escolas não há tempo, nem oportunidade, nem vontade para coisas dessas; gostei, foi pertinente e interessante

aos saltos

as redes sociais são realidades incontornáveis, escreva-se o que se quiser, diga-se o que se entender, pegue-se-lhe por onde entendam, pense-se o que se pensar; assim que se escreve nas redes sociais, e aqui quase que me restrinjo ao facebook, e os passantes passam e passam e passam; também se não queria que passassem para que escreveria eu, han...

para paris, com amor

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os atentados de sexta à noite em paris levantam, em termos de sala de aula, duas incontornáveis questões; cada uma delas mais delicada que a outra: como abordar a questão em sala de aula, em contextos educativos e de formação de jovens? como explicar o papel da escola e da ação educativa nestes processos? Como é fim de semana atrevo-me a levantar uma e outra questão, a não dar uma resposta, por que também considero que não têm resposta, mas a deixar no ar que a sala de aula não pode, não deve ser nem assética à questão, nem indiferente às circunstâncias; estou certo que por muitas salas de aula a coisa irá decorrer como se nada tivesse acontecido, não se falará do tema por que não é dos conteúdos, não faz parte do programa e por que o tempo é escasso para se abordar tudo o que devíamos e gostaríamos. Mas também por que a indiferença permite criar a ilusão que tudo continua como dantes, que a distância (física e emocional) aligeira os estados de espírito por que, afinal, a v

preocupações

há escolas onde a preocupação central e prioritária - por vezes aparentemente exclusiva - passa por: assinar a ata, fazer a grelha, responder a inquérito, entregar o papel, elaborar o relatório, preencher a plataforma; rasurar devida e adequadamente a ata; etc outras há em que a preocupação passa por: discutir abordagens ao insucesso: pensar em estratégias de serviço docente: debater estratégias de mobilização do aluno; conversar com pais/encarregados de educação sobre os filhos/educandos; promover a escola; será que as duas podem conviver?

das agregações

as agregações de escolas, a junção de básicas e secundárias, misturou culturas, ambientes, conhecidos e amizades; na generalidade dos casos e na maioria das situações a coisa correu; se bem se mal tudo depende de pontos de vistas, de lógicas ou considerações; mas tanto correu que ali estão; no meu anterior agrupamento a coisa acontecer aconteceu, mas a digestão estava, pelo menos até ao final do ano letivo anterior, pesada, manifestamente lenta; no meu presente agrupamento eu sentia uma certa ligeireza digestiva; estranhava, é certo, mas... pois ontem e hoje alguém lá se desmanchou; ontem dando-me conta que quando vou ali é que vou trabalhar, nem respondi, pois claro, hoje um outro colega diz-me que passa por ali e depois segue para o seu cantinho que não é ali; deixo propositadamente à imaginação dos passantes onde é que se trabalha e qual o cantinho do colega; esquecem-se que as culturas não nascem em geração espontânea, trabalham-se, fomentam-se, cultivam-se, tratam-se

dinâmicas

hoje, no decorrer e no balanço que faço de uma aula de 7º ficou clarinho para mim que preciso de ter que mais do que duas estratégias de trabalho para uma mesma sessão de trabalho, vulgo aula, à medida que os alunos se apropriam de uma dinâmica de trabalho torna-se mais clara a necessidade de diversificar dinâmicas e estratégias de trabalho; hoje a turma entra e sem mais monta o estendal, isto é, organiza-se pelos diferentes grupos; há grupos que começam a trabalhar, em função das lideranças (assumidas ou reconhecidas) distribuem-se tarefas, dá-se trabalho a cada um; o prof (ou o pastor como costume dizer) não fez falta, sabiam por onde iam e o que tinham de fazer; no final da minha primeira volta pelos grupos o silêncio (ou, pelo menos, umas condições normais de trabalho) faz-se notar; sinto a turma a render, a ir em frente; tinha passado pouco mais de meia hora; a partir deste ponto começo a sentir os níveis e índices de ruído a subir, quando toca, a meio do bloco de 90',

coisas do século XXI

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coisas maravilhosas que por aqui acontecem; santa terrinha onde as prioridades andam um pouco aos trambolhões; dei com esta coisa no sítio do arlindo ; que é giro é, dá conta de lógicas, princípios e valores que se "alevantam"; enfim, o pior deste século

dúvidas

hoje aproveitei um pedido que os chefes fizeram e fiz também eu uma análise minha à minha turma; média da turma por esta altura, níveis 1 e 2, faltas por disciplina, quem poderá transitar, quem poderá ficar, em ou com que disciplinas entre outras foram algumas das questões que me orientaram; deu trabalho, foi um bom bocado da tarde; logo à minha pessoa que tenho manifestas dificuldades de relação com o número; mas gosto; chegado àquele ponto que considero que não consigo nem sei fazer mais, colocou-se-me a questão, será de enviar aos colegas? dar conta e conhecimento ao Conselho de turma e à diretora? o que fazer com este trabalho? olha, arrumei-o para memória futura, afinal ainda não terminaram as reuniões de conselho de turma, e, apesar dos dados, estamos, professores, claramente limitados nas possibilidades de ação, ninguém altera as suas práticas, poucos modificarão estratégias ou dinâmicas, não irão surgir novos recursos ou condições; deixa-te mas é tar quieto, ainda me

abaixo do nível

numa turma má onde existe um ou dois alunos bons, isto é, com claras capacidades de resolução individual de diferentes tipos de problemas e que por isso mesmo se expressam em percentagens em testes, os comportamentos coletivos nivelam-se por baixo, pelos ditos maus alunos; nunca percebi o por quê de os alunos se nivelarem pelo mais baixo da turma, por aquele que assume ser, de forma nem sempre clara, é certo, o idiota da corte, o palhaço do reino ou o arlequim do palco; os bons alunos são, na generalidade, centros de chacota, gozo, alvos a apontar quando não mesmo a abater; irrita-me solenemente que a estupidez de uns queira contagiar outros e que o nível seja pelo pior deles todos; até parece que estamos no país

acordo à esquerda

quebram-se barreiras, guardam-se fantasmas e esquecem-se os esqueletos nos armários; o que antes eram divergências hoje encontram-se consensos, o que foram diferenças são hoje pontes entre nós; não será eterno, mas... enquanto dura...; cada vez gosto mais de viver este meu tempo, é o tempo da conquista do espaço, da internet, das democratizações, da crescente politização, dos transplantes (até culturais e sociais); adoro; e na educação, o que nos estará reservado? algumas áreas, sem preferência, para memória futura perceber o que se mexe e por onde se mexe: prova de acesso à carreira; escolas com menos de 20 alunos ensino especial e necessidades educativas especiais ensino especializado e artístico currículo avaliação medidas de apoio e promoção do sucesso gestão escolar parque escolar (não é a empresa, mas aquele que existe e onde muito está longe de renovação); rede escolar etc, etc, etc vamos ver, quero ver, pago para estar por aqui a ver; gosto mesmo destes tempo

humildade e respeito

logo mais irá aparecer no ComRegras (com um refresh interessante) um artigo meu que tem por base uma frase que encontrei no livro "regressos quase perfeitos" (Antunes, 2015; edições tinta da china, pág. 38) A humildade e o respeito "foram os valores centrais que garantiram a ordem que colocava tudo no seu devido lugar” A partir desta frase escrevo sobre os comportamentos escolares para concluir que: A perda da humildade e do respeito enquanto valores que coloca[va]m ordem no caos social, implicou, ao nível da escola, a alteração de dinâmicas de sala de aula, do trabalho docente, da relação entre professores e alunos. Sem isso, sem essa alteração, não há quem resista, nem os alunos percebem o por quê do pensamento matemático ou da história de pedras e mortos (como um aluno me disse recentemente), nem os professores que esgotam a paciência e a si mesmos, em processos de (des)controlo da sua sala de aula.

perdas - abandono

há alunos que se arrastam pelos bancos das salas de aula; prolongam até ao limite a sua presença indiferente e alheada ao que por aqui se passa, se diz ou acontece; o mais das vezes são jovens que poucos querem na sua sala de aula, complicam, irritam, esgotam a paciência; hoje um deles faltou-me à aula da manhã e eu perguntei, que é feito dele... que não vem mais, abandonou; é pena, mais um indigente social que a sociedade acolhe nas margens de si mesma; a escola fica mais rica na sua pobreza; terá de ser assim? é inevitável que aconteça?

ser aluno

começou por ser uma ideia, está, presentemente, extensa e varia entre análise social e sociologia de grupos; falo da minha ideia do que é ser aluno hoje, 2015; daí ser tema de fim de semana; já deram conta de como aqueles que são rotulados e descritos como maus alunos assumem e se comportam como alunos modelo fora da sala de aula? é ver os alunos, mochila às costas, sempre impecável (não é usada, pois claro), qual estetoscópio médico que determina o nível profissional em qualquer lugar de saúde nacional; não é apenas o nível profissional que a mochila dá conta, é o próprio estatuto social que se assume na utilização da mochila, no comportamento direi, ritualizado do que é ser aluno, mesmo sendo mau aluno, ou particularmente por se ser mau aluno; e, quando se é mau aluno, mais importante se tornam todos os rituais que categorizam e classificam o que é ser aluno e, neste contexto, não importa se mau se bom, importa é que não haja dúvidas quanto ao que se é, aluno (tal como o este

a reforma e o tempo

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o correio da manhã de hoje, sábado, 7 de novembro, traz a notícia de que muitos que estão nas escolas já deram conta, a saída de inúmeros docentes; contabilidades à parte e a questão que se me coloca passa por tentar perceber os efeitos desta sangria nas culturas de escola; são os mais velhos que transportam toda a carga mais simbólica de uma escola, desde as estórias do que aconteceu, aos pequenos casos ou acasos que se perdem de tanto se contarem; os mais velhos são guarda viva de memórias passadas que se esfrangalham num presente; a transição, antes lenta desta memória, permitia que não se criassem hiatos e que as estórias e a memória passassem de uma figura a outra, de um conto a outro e, dessa forma, enriquecessem a cultura profissional e escolar; a ausência desta memória, o esvaziamento do passado que consequências terá na escola e na sua organização? que efeitos pedagógicos e sociais (ou socioprofissionais) terá o corte abrupto da memória coletiva? que raízes se desc

grupos de nível

os grupos de nível, muito associados à estratégia da turma+, podem ser um factor de desenvolvimento e interiorização do trabalho por parte dos alunos; a minha disciplina, história, raramente esteve debaixo da alçada (intervencionada) da turma+; habitualmente trabalho por grupos; mas também habitualmente são os alunos que se organizam, inicialmente por que não os conheço o suficiente para juntar elementos, depois por que me interessa potenciar relações; de quando em vez junto ou promovo o que hoje se designa por díades, grupos de 2 ou 4 elementos em que metade tem dificuldades nos conteúdos e a outra metade é barra no processo; desta feita vou organizar os grupos por nível de competência, quem está e pretende sair do 2, quem está entre o 3 e o 4 e os restantes, entre 4 e 5; papel e lápis na mão e vou experimentar;

tempo

esta semana tem decorrido em perfeita normalidade (e bato na madeira três vezes de modo a evitar surpresas no tempo que ainda falta); persisto e insisto, negoceio e rateio, vou à frente e volto atrás, mas afirmo o meu caminho perante as turmas, aquelas mais complexas; desta feita e sem qualquer garantia de sustentabilidade, vejo que estou no caminho certo; não é (apenas) uma questão de teimosia, passa, e muito, por analisar a situação, procurar diversos e diferentes pontos de vista, experimentar, arriscar outros modos e outras formas, ver e esperar, cá está o tempo como variável essencial, os resultados, saber e perceber se um momento é de confiar ou de desconfiar, de persistir ou de insistir; Os meus apontamentos são essenciais para garantir coerência de atitudes, não me desviar de forma menos correta ou, nas palavras dos alunos, injusta - e o sentimento de justiça para um aluno é determinante na afirmação da relação com o professor; e esta semana tem valido a pena; dei os pa

dúvidas

de quando em vez fico sem saber o que escrever ou sobre o que escrever; não são dúvidas existenciais, são mais metodológicas, isto é, este espaço é sobre as aulas e a escola e, de quando em vez, não me apetece dizer nada sobre uma ou outra, porque não me apetece, ponto.

coisas de nada

uma pessoa escreve e divaga, disserta e opina e a escrita passa, o mais das vezes, por entre alguma indiferença e um qualquer sentimento contido; depois, por uma escrita simples, há quem registe, comente, acrescente e opine; destas eu gosto mais, sinto-me mais acompanhado; ontem em texto publicado no ComRegras sobre alguma coisa de positivo, gostei de ver e ler os comentários; gostei, essencialmente, das coisas positivas que ali se encontraram; É tão fácil quanto delicado, tão difícil quanto oportuno. Precisamos de qualquer coisa positiva que nos ajude e ilumine os dias. Se for um sorriso, um obrigado, um olhar descomprometido mas simpático, seria bom. Verá que o espelho lhe agradecerá.

memórias de elefante

escrevo por aqui e por ali faz tempo, anos; nunca apaguei nem fechei os sítios por onde deixei escrita e já foram alguns; estão por aí, para poder avaliar (e, se assim se entender, ajuizar) de coerências, contradições, posições e opiniões; vai daí e fui lá atrás, afinal estou num agrupamento em que já estive; que escrevi eu quando por aqui estive? que notas e apontamentos deixei? que posts/entradas criei? é que a internet permite-nos uma memória de elefante, não precisamos de muito para repescar escritos, ideias; vai daí e dei com esta preciosidade   escrita em 17 de outubro e ainda esta , datada de 11 de novembro, de... 2003; estava eu em exercício de funções na então escola secundária de montemor-o-novo; mas há mais, muitas mais; 12 anos depois de as ter escrito e permanece tudo igual, na mesma, por quê? digam lá que é dos alunos..., das políticas..., dos governos... não será falta de um sentido coletivo do local?

regressos quase perfeitos

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tinha referenciado o título há dias , ontem tive oportunidade de o comprar; que maravilha; sou suspeito, pois claro, sou um incondicional admirador da guerra colonial, não do ponto de vista institucional e/ou militar, mas social, cultural, político; não consigo imaginar o que terá sido retirar jovens com 18, 19, 20 anos de aldeias recondidas do nosso país, que nunca tinham visto outro céu que não o da sua aldeia e serem atirados para outro continente, deixados no mato, prontos para matar e defender a pátria; ao regressar que com olhos reviam a sua aldeia, o céu onde brincaram e amaram, as companhias que tinham deixado, os mais velhos que os questionavam sobre o orgulho que sentiam de ter o filho ao serviço da pátria; por outro lado, estou, como todos aqueles que estejam acima dos 40 anos de idade, preso e amarrado ao que foi a guerra colonial; tive primos que a ela fugiram, a minha avó, em casamente de segundas núpcias, foi para luanda e dela guardo inúmeros postais que me envi

sinto elogio

há dias, em amena conversa de sala de estar com um colega de lides de há muito, muito tempo, ouvi aquilo que senti como elogio; não sei se foi dito nessa perspetiva e menos ainda se era essa o objetivo; mas foi o que senti; trocavamos ideias sobre o nosso percurso pós graduado, onde ambos cumprimos o que podemos, ser doutorados, eu numa área, políticas e administração educacional, ele numa outra área, a das interculturalidades; no meio da conversa um ou outro apontamento sobre as aulas, o reflexo que o percurso de cada um exerceu e implicou no nosso trabalho letivo; vai daí e ele diz-me que eu, apesar do meu percurso, nunca perdi o sentido da história, enquanto para ele a história foi ficando lá para trás, para a história; sinceramente, ouvi isto e senti em mim mesmo uma qualquer espécie de elogio; primeiro por que adoro história, não abdico desse objeto que me ajuda a perceber onde estou e por que aqui estou (individual e coletivamente); depois por que, nos tempos presentes,

grelhas - matrizes ou a realidade encaixotada

em texto de fim de semana, troco ideias com a minha escrita sobre um dos temas que mais me inquieta e desinquieta, as grelhas e matrizes que pululam pela escola; grelhas quase sempre existiram na escola, talvez tenham dado à costa, com algum significado, nos anos 80 do século passado com a introdução das planificações e com o acompanhamento dos professores que faziam a sua profissionalização em exercício, obrigados que estavam a esquematizar a realidade escolar e pedagógica, nos planos de atividade que ganhavam destaque então; nos anos 90, do século passado, foi a área escola grandemente responsável pelo proliferar das ditas cujas, em processos então designados de inter disciplinariedade, pluri disciplinariedade e trans disciplinariedade; na década seguinte ganharam contornos algo kafquianos, por via da avaliação de desempenho docente e, por dá cá aquela palha, vá de grelha, vá de matriz, vá de tabela; tudo, ou quase, se pode e deve reduzir a uma grelha/tabela/matriz; hoje, par

destaque

um texto meu , publicado no sítio ComRegras ganhou destaque no clicprofessor ; não sei se é para ficar entre o orgulhoso e o contente, se duvidoso e interrogativo; seja o que for, dá mais passantes por aqui; sinto o olhar sobre a minha escrita

A educação em gestão

Amanhã o novo governo tomará posse; Aparentemente e segundo o que leio por aí , corre o risco de uma de duas situações, cair ou ficar em gestão; Se cair, caiu Se ficar em gestão, como será a coisa da educação e das escolas? Que decisões ficarão suspensas? Que orientações não se assumirão? Ou, pelo contrário, em gestão quais as prioridades que se assumirão ou se definirão? Quais os impactos que se perspetiva na gestão das escolas? Na construção das redes, nas ofertas formativas? Fico algo curioso sobre o que poderá ser o futuro da educação... em gestão.

coisas

há coisas que acontecem que nos marcam, todas nos marcam, mas uma mais que outras; ; ontem numa reunião intercalar, dois momentos para a história de cada um dos presentes; uma nem vale a pena, é estúpida demais para se contar; outra, diz uma professora que sente um aluno a descair, a perder ritmo, a descer de rendimento;, corroboro o que a colega diz, não o conheço o suficiente, mas sinto o aluno a descair; uma terceira dá conta que o aluno está "estranho" circunstância que a generalidade sublinha; pois está, a mãe está desempregada, o pai saiu de casa e o miúdo ressente-se; certo e o que podemos fazer para que não caia na espiral desinteresse, indiferença, insucesso, revolta? preenchemos mais umas grelhas, escrevemos mais uns papéis e esperamos; tentemos, cada um por si, ajudar em sala de aula? não se percebe que não pode ser cada um por si, que os papéis entopem e bloqueiam a necessidade de respostas? ele há com cada coisa...

memórias de futuro

lembram-se os mais "crescidos" de uma frase partidária que afirmava que as pessoas não são números? não seria tempo de se criar um slogan defendendo AS PESSOAS NÃO SÃO PAPÉIS ou OS ALUNOS NÃO SÃO FOLHAS ou PESSOAS SIM - GRELHAS NÃO

feitios

houve quem, em off line, me questionasse sobre e soluções, para a minha amargura; assim sendo algumas curtas notas; escrevo sempre sobre o(s) meu(s) contexto(s), são eles que me alimentam a escrita e os dias; já percebi que escrevo mais em tom crítico e que é aí que me reconhecem a escrita, mas apenas dou conta de circunstâncias e contextos, sinto alguma pena por sentir que outros sentem crítica no que escrevo; não é crítica, mas assunção, pena é que seja crítica; não me alongo muito (em considerações sobre causas e consequências) por questões de suscetibilidade, cada vez mais  percebo e entendo e me reconheço como sendo eu que estou fora de jogo, descontextualizado, desmarcado; faz parte das formas de eu entender uma prática pedagógica, assumir a minha profissão, considerar os alunos e olhar o futuro da ação escolar; apenas pontual e circunstancialmente, nomeadamente em comunicações e escritos académicos, me alongo, mais por relações entre causas e efeitos que em qualquer form

incapacidade

não sou de desistir, sou um bocadinho burro alentejano, algo que, politicamente correto, direi, que entre o teimoso e o persistente e o resiliente; insisti e persisto, atiro argumentos, avanço ideias e opiniões, como aprendo com o que me corre menos bem, com os meus erros; mas estou a baixar os braços, dois anos consecutivos e começo a ficar seriamente preocupado comigo mesmo; torna-se quase impossível debatermo-nos contra a falta de interesse, a ausência absoluta de objetivos que passem pela escola; é quase impossível resistir a alunos que utilizam o seu absentismo, indiferença e alheamento como arma de arremesso para pais, contra professores, contra tudo e contra todos apenas por que sim... uma direção de turma com 19 alunos que, se conseguir chegar ao fim com 12 não será mau e se passarem 8 ou 9 será uma conquista; triste

mas para quê

ele ha coisas que não consigo perceber ou que cada vez mais percebo menos reuniões intercalares para quê? por que sim, por que se têm de fazer, por que estão calendarizadas, por que tem de ser pronto, por que razoabilidade não há, interesse pedagógico não consigo descortinar, é que ainda nem conheço os meus alunos, tenho 148 alunos, 5 turmas a 90 minutos por semana e duas a 45, de muitos apenas quando os vejo os identifico e nomeio; mas pronto, lá se fazem...

notas de fim de semana - entre critérios e regras

serei dos primeiros a concordar e a assumir que são precisas regras para a (con)vivência social; regras que definem procedimentos, que instituam possibilidades, que clarificam límites; mas serei também dos primeiros a dizer que tudo o que é demais cheira mal; com regras a mais facilmente se resvala para autoritarismos, para o cercear de liberdades pessoais e individuais, para a limitação da criatividade e da espontaneidade; difícil mesmo é gerir as regras necessárias e a liberdade individual, a uniformização e a criação que permite (re)criar outras regras; tudo isto para afirmar que as escolas têm vivido debaixo de regras, que se confundem processos com procedimentos, que se tentam criar regras por dá cá aquela palha; e, atenção aos pormenores, que fazem toda a diferença, tanto são regras de escritas, discutidas e debatidas, como são regras de procedimento, estas traduzidas em grelhas, em tabelas, em matrizes que, ao definirem e uniformizarem um pensamento em função de uma preo

sala de aula e avaliação

este ano na minha estratégia de trabalho introduzi algumas alterações, por enquanto estou a gostar; este ano, como sempre, no final da aula fazemos a avaliação ao trabalho desenvolvido - o que foi feito, como foi feito, qual a avaliação, o que fica por fazer; há muito que assim é; mas este ano tenho pedido ao pessoal para além de avaliar, classificar, isto é, que atribua um valor de 0 a 100%; registo a classificação, seja de grupo ou individual e, passadas 5 ou 6 sessões, tem permitido verificar ritmos, perceber dinâmicas, ver oscilações, sejam elas de grupo ou individual, consoante os casos, seja de turmas, pois faço a média da turma; esta abordagem tem-me permitido perceber como variam e onde variam os grupos, como recebem e aceitam uma outra dinâmica de trabalho; curiosidade, há muito que assumo que esta é uma metodologia que agrada mais ao dito "mau" aluno, ao desinteressado e indiferente; na generalidade o dito "bom" aluno" descia um pouco, por a

sem escrita

os tempos estão de tal modo obtusos que, de quando em vez, prefiro não escrever; a idade tem-me proporcionado alguma reflexão e, em vez de reagir, sempre uma caraterística muito minha, prefiro agir, devagar, sossegada e calmamente; vai daí e fico sem escrever, digo que não tive tempo, oportunidade ou acesso; sempre são formas simpáticas (????) de estar ausente

sobre os comportamentos escolares

não transcrevo para aqui por sair da extensão que tenho procurado dar a estas minhas entradas, mas chamo para aqui o meu texto que saiu hoje no com regras sobre comportamentos e disciplina escolar ; nada de monta, mas considero ser uma perspetiva (e uma pista de trabalho) a explorar e que deverá ser merecedora da nossa atenção (nossa docente) e da minha em particular, enquanto curioso da coisa educativa já é...

a conversar é ca gente se entende - ou não

sou clara e manifestamente um defensor dos pais na escola; e não é apenas nos piores momentos, nem daqueles alunos ... direi... mais problemáticos; enquanto pai que também sou, assumo que sou o principal interessado na vida (escolar) dos meus filhos; disso não abdico; mas sou contra qualquer forma de uma pseudo parentocracia em que os pais mandam e os professores obedecem; não, prefiro a conversa, a articulação de ideias, o estabelecimento de papéis e funções, objetivos e posições para cada um em face dos problemas e das circunstâncias que se nos deparam; tenho uma turma complicada enquanto diretor de turma, mas tenho de reconhecer que todos os pais (concretamente as mães) têm dito presente quando as solicito para conversar e identificarmos formas de nos apoiarmos em casos ou situações; não quer dizer que se mantenha e que seja eterno, mas, até ao momento, têm sido inexcedíveis na tentativa de encontrarmos soluções, de discutirmos hipóteses, de procurarmos viabilidades para aqu

o estado da educação

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primeira nota, coisas do senso comum; pergunte-se a docentes como acham a educação e a escola; irão prevalecer ideias em torno da hiper burocracia, descontrolo, desnorte, desorientação, perda de sentidos, excesso de trabalho, excesso de turmas, excesso de alunos, excesso de solicitações, diretores arbitrários e descricionários, falta de sentido ao trabalho escolar e pedagógico, pouco, muito pouco o tempo para o aluno; pergunte-se a alunos com está a escola, e ouvirão dizer que a escola tá fixe, as aulas é que são uma seca, não há projetos, ideias de escola nem de sentidos quanto ao trabalho que se desenvolve na escola; a escola, para a maioria dos alunos, é local de encontro, ponto de brincadeira, centro de convívio - não é um local de trabalho, nem de esforço; perguntem aos pais o que acham da escola, está pior que no seu tempo, os professores ensinam menos, os alunos sabem menos, há um maior laxismo, um maior facilitismo, uma maior desorganização; perguntem aos funcionári

notas de fim de semana - gerir o insucesso

notas e apontamentos soltos onde discorro sobre as aulas e os seus contextos, pequenos apontamentos públicos para que não me fiquem pelas gavetas; ontem perspetivei a minha grande guerra, a reinvenção de nós mesmos pela escola; continuo a considerar, como outros desde os anos 60 do século passado, que a escola continua como um dos principais instrumentos de governo do coletivo; forma simples, prática e muito direta de gerir os interesses, os objetivos; instrumento que permite posicionar cada um no seu lugar, seriar quem pode ascender, organizar mobilidades, definir fluxos sociais e económicos; hoje, muito mais que há anos atrás, a escola - entenda-se a ação governativa e as políticas educativas - tem condicionado e delimitado possibilidades, separado trigo do joio, encaminhado quem pode e limitado quem não tem condições; a escola, mais recentemente, tem criado elementos de seleção social por intermédio das diferentes formas de insucesso escolar e das formas que tem promovido pa

escola precisa-se - de preferência nova

em comentário que me foi feito, disseram-me que se precisa de uma nova escola, esta, a que temos, nada diz aos alunos; como eu concordo em que é preciso (re)inventar a escola; ou será que é de nos reinventarmos? a escola que temos, estruturada no final do século XIX alargada no início do XX para promoção da República, democratizada após 1974, massificada ao longo dos anos 80 e 90 do século passado, constantemente ampliada nas suas funções e competências para dar outras respostas sociais (à democracia, à europa, às drogas e aos riscos, às tecnologias e ao emprego dos pais) não nos serve, não serve por que não mobiliza nem alunos nem docentes, deixa pais e encarregados de educação de cabelos em pé, promove a indisciplina, os comportamentos disruptivos, o desinteresse e o alheamento de todos; o insucesso, o absentismo e o abandono; nunca como agora a escola reproduz e é reprodutora dos modelos sociais - famílias estruturadas, casais de classe média, hábitos de leitura e consumidor

as agregações

depois de muito discutidas, debatidas e enfrentadas as agregações, hoje, são uma evidência da qual poucos falam, muitos comentam em surdina, alguns analisam, outros tantos questionam, mas que poucos, muito poucos enfrentam; se há agregações que pelos seus próprios contextos eram evidentes pontos de divergência e conflito, outras há que, sem se esperar, colocaram em destaque tudo e mais alguma coisa; ele há escolas que estavam separadas por uma rede de malha elástica mas que em tudo eram diferentes, ele há ruas de permeio mas há mundos que as separam; um dos grandes problemas das agregações é que continuam a ser geridas como se de unidades se tratassem e não são; as lógicas, as dinâmicas e os pressupostos da gestão dos agrupamentos prolonga a dinâmica de gestão de uma escola e nada podia ser mais diferente; as agregações colocaram frente a frente lógicas de funcionamento, culturas de escolas, princípios de organização, modelos de gestão, climas, histórias, pessoas que nunca ante

igual e diferente

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um comentário feito off line deixa-me a pensar (obrigado); se entre as escolas existem assim tantas diferenças; direi que a organização (os normativos, as regras, as orientações) são as mesmas; os procedimentos pedagógicos em tudo iguais, organização em turma e em anos; daí é tudo igual de norte a sul de leste a oeste; pois serão as pessoas a variável que difere; talvez; talvez por que os professores têm a mesma base comum, formação e recrutamento; o que é mesmo diferente é o território, a forma como está organizado, a sua história e a relação que se estabelece entre as gentes e o contexto (os meus alunos sabem que por contexto entenda-se um espaço, um tempo e um conjunto de saberes); e aqui são inúmeras as diferenças que interferem, condicionam e delimitam as relações escolares e de sala de aula; o território (geografia, história, cultura, tradição e organização) é um dos elementos que mais interfere no conjunto de comportamentos que se leva para dentro da sala de aula

entre sintomas e evidências - dúvidas para que vos quero

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quem, como eu, gosta de ver e analisar as situações de indisciplina, a alteração dos comportamentos e das conformidades de sala de aula enquanto sintoma, tenho de reconhecer que a escola, o agrupamento, o concelho onde agora trabalho estará doente, que enforma de algo complexo, delicado e complicado;  os comportamentos vão além das simples desobediência, do quebrar regras e normas, ultrapassar limites ou ficar aquém da educação;  a coisa revela efetivamente contornos de alteração social para o qual não há aviso prévio, nem conhecimento que antecipe o que quer que seja;  os comportamentos escolares dão conta da alteração de lógicas de funcionamento e organização que têm direta implicação nas relações escolares e, em particular, de sala de aula;  são fruto de contextos sociais e da alteração de modelos de comportamento e de relacionamento, de quebra de habitus e tradições, de usos e costumes; a agregação realizada juntou coisas que ninguém falou, trouxe e implica silêncios cú