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A mostrar mensagens de maio, 2015

registos

por esta altura, entre perspetivar, preparar e organizar as reuniões de final de ano letivo, também aproveito para me pensar; de entre as diferentes ideias, umas boas outras más, outras assim assim, destaco uma ideia perante a qual sinto algum contentamento; este ano, talvez pela primeira vez, consegui estruturar o meu sistema de registos; registo de informação que troca e cruza o quantitativo (percentagens em fichas e trabalhos e presenças) com qualitativo (ideias, notas, observações sobre o aluno ou sobre o seu trabalho) com informações oriundas do conselho de turma (do diretor, dos docentes) com apontamentos soltos sobre dinâmicas, caraterísticas, projetos; não ficou totalmente acertado este ano, mas tenho uma ideia do que irei utilizar no próximo ano, com muito poucas mexidas face ao atual; para mim, onde o registo é essencial para não me perder entre situações mais ou menos marcantes ou acontecimentos que condicionam tudo e todos, ter alcançado uma estrutura de registo é

uma aula

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não é uma aula normal nem sequer habitual, mas foi a aula de hoje de uma turma de 9º; trata-se daquilo que eu designo como um processo de confluências; é final de ano letivo, é final de programa é final de semana há que apelar ao questionar, ao incómodo que é sermos nós mesmos; uma aluna pediu e eu orientei a confusão; é uma aula de história

vale sempre a pena

a escola vale a pena, vale sempre a pena se conseguirmos separar a espuma dos dias daquilo que são os dias; no portefólio de uma aluna por mais que a disciplina de História não seja tão importante como Português/Matemática, este ano foi para a qual me dediquei mais e tentei fazer os possíveis para não obter um 2 na pauta e consegui, mas claro sem a sua ajuda não era possível, sem os seus gritos, sem as suas explicações, sem as suas ironias, por vezes sem sentido, mas sempre ironias, sem os seus sermões, que nem eram bem sermões, mas sim ABRE OLHOS. Isto tudo foi uma ajuda para que conseguisse ter e fazer cada trabalho apresentado e Um obrigado por todas essas suas pancas de um prof bacano que nós/EU gosto e claro irei sentir falta, porque como você apanha-se pouco e foi um prazer tê-lo como professor se isto não vale a pena, digam lá o que vale a pena

oportunidade

tenho aprendido - e muito - com os filhos enquanto alunos e eu enquanto pai com a profissão de professor; ontem a filha foi a mafra, visita de estudo/excursão (custou-me a módica quantia de 22€); tal como no ano letivo anterior em que a turma não foi porque penalizada pelo seu comportamento, também este ano houve colegas que não foram por questões de comportamento; e ela pergunta será que não vêem que alguns alunos nunca irão a mafra? será que vocês não percebem que é na escola que alguns alunos têm acesso a coisas que de outra forma nunca vêem ou conhecem? será que vocês não percebem que os comportamentos acontecem por que os professores permitem ou porque alguns alunos não sabem nem conhecem outro modo? são oportunidades que se perdem - ou se ganham

tempo

uma das maiores dificuldades que tenho sentido, enquanto docente, junto de alunos, de docentes e de políticos é convencer o pessoal da importância do tempo; para tudo é preciso tempo; o aluno integra-se naquilo que designo de geração clique, se a resposta não é imediata perde o interesse, desliga, desinteressa-se; o docente quer resultados imediatos, qual comprimido para dor de cabeça, no âmbito da indisciplina, do funcionamento da sua sala de aula, da resposta do aluno às suas indicações; os políticos querem resultados rápidos, de sucesso, de custos, de eficácia; os pais, esses, querem respostas para os seus anseios, para as dúvidas dos filhos, e não são para daqui a pouco, é para já; vivemos uma geração de velocidade, ele é o acesso à net cada vez mais rápido, ele é o telemóvel cada vez mais sensível ao toque, ele é a informação na ponta dos dedos, ele é o relato cada vez mais veloz, ela é a fast food; mas precisamos de tempo de tempo para nós,  tempo para ouvir, temp

entre nós e o futuro

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a capa do jornal i traz uma derivada da escola e da estupidez de algumas políticas educativas; o ano letivo termina e com ele surge a angústia das escolhas e das opções, particularmente em termos de de continuidade de estudos - ensino regular, profissionais, áreas, and so on ; por cá (região) as escolas estão seriamente condicionadas nas opções, seja por via do número de alunos (cada vez menos), seja por via das ofertas (e destaco os profissionais, em que é definida uma rede de alguns e para alguns); sobre a estupidez primeiro, valoriza-se a lógica instrumental da escola, anda-se na escola para um trabalho - e não para uma formação; segundo, valoriza-se um presente, anda-se na escola para daqui a pouco, em detrimento do futuro; terceiro, dá-se valor ao empregador e não ao trabalho, isto é, valoriza-se a dependência e não a autonomia; quarto, destaca-se a produção e não as eficácias ou eficiências; é o que temos, e a grande maioria, aplaude;

ave rara

de quando em vez tenho consciência da ave rara que sou; essencialmente por estar (e me sentir) deslocado da sala de profes; tenho manifestas dificuldades em me sentir ali, de estar ali, de me reconhecer em conversas, em posturas, em atitudes, em práticas; (e até podem comentar que é por manifesta soberba ou arrogância, que provavelmente até será) irá condicionar uma escolha concursal, disso estou tão certo que aqui fica escrevido  (para memória futura); mas sou eu mesmo que cada vez mais sou ave rara;

descanso

em final de ano letivo, quando o tempo começa a pedir descanso e lazer, dou conta que o pessoal se deita tarde, cada vez mais tarde; um dos dilemas que tenho enfrentado e tentado gerir passa pelos níveis de concentração e trabalho; faço um teste a aluno no início  de cada ano; habitualmente o tempo (e ainda estão no despertar) não vai além dos 20/30 minutos; procuro aumentar estes tempos ao longo do ano, que, com o pouco dormir, se desperdiça de uma penada; logo por altura em que ele é mais necessário

da escola que temos à escola que queremos

quando escrevi o título pensei que o conhecia de algum lado; rápida pesquisa pelo google e é fácil de identificar as inúmeras entradas que remetem para esta designação; e a questão é mesmo esta, do que temos e de onde vimos para o que queremos e para onde queremos ir; será fácil identificar e escrever sobre o desencanto que a escola provoca aos professores o desalento que causas a pais e encarregados de educação a seca que é para a maioria dos alunos a desadequação que evidencia com o mundo contemporâneo o caráter algo bafiento dos currículos e dos programas disciplinares difícil é enfrentar outros modos e identificar outras formas de fazer o mesmo; mais que dar respostas, que é a grande centralidade da escola de hoje, o desafio passa por saber colocar perguntas; mais do que penalizar o erro ou aquele que é diferente, o desafio passa por saber aprender com o erro e com o diferente; mais do transmitir conhecimentos feitos, o desafio passa por construir o conhecimento; m

Das revoluções

Blogues e comentários por aí dão conta que a escola ira mudar significativamente nos próximos anos, fala-se mesmo em revolução ; Das mudanças não tenho duvidas; dos sentidos ou da direção que possa tomar também não Faço minha a ideia de g. deleuze quando, nos idos anos 60 do século passado, dizia que o mundo muda ninguém tem dúvidas, a questão passa é por saber qual o papel que queremos ter nessa mudança; E esta é a grande questão e o grande desafio que se coloca aos profes, saber se mudamos ou se nos mudam, qual o papel que queremos assumir nesse processo; É que a escola muda, disso não temos dúvidas, ou são os profes que a mudam ou é a escola que muda os profes, qual queremos?

sobre os professores

discutem-se, por via do ps, ideias e propostas; para além das propostas considero fundamental a revalorização dos professores - mais que uma proposta ou uma ideia, coisas assumidas na escola; revalorização não por delegação de outorgas, não por acréscimos financeiros, não por meras figuras de retórica, não por vazios de intenções em palavras bonitas; os professores precisam de ser acompanhados, apoiados, reconhecidos e valorizados no que fazem há práticas muito boas, há inúmeras iniciativas que se desvanecem e se perdem por que circunscritas à sala de aula, a uma vontade mais individual; outras há que precisam de ser repensadas e redefinidas, mas num contexto, numa dinâmica local, em adequação e apoio ao profissional e não de criminalização; formação, redes, parcerias, práticas contextualizadas, será por aí

a escola é fixe as aulas é que são uma seca

foi muito por via desta afirmação que procurei alternativas a mim mesmo, à prática pedagógica que tinha aprendido aquando da minha formação inicial (em curso integrado, meio científico e disciplinar, meio pedagógico e escolar) que consiste basicamente em ensinar a muitos como se de um só se tratasse (p. perrounoud, j. barroso); ora discutir isto é discutir dinâmicas e processos de sala de aula e, como se diz , é reconfigurar alvos, tempos, estratégias ou metodologias; não discuto se os tempos são escassos ou longos, se as capacidades de ouvir e concentração são os adequados; depende de muitas variáveis, sendo que uma delas é o envolvimento que se tem com aquilo que se ouve ou se faz; vai daí e a minha grande preocupação de há uns tempos a esta parte passa por criar mecanismos de implicação , envolvimento e comprometimento entre o aluno e o trabalho que desenvolve; em sempre corre bem, ainda não consegui estabilizar processos e dinâmicas, mas reconheço que gosto (e gosto mesmo)

memória futura

das propostas do ps retiro: Incentivar a flexibilidade curricular, recorrendo a diferentes possibilidades de gestão pedagógica, adequadas aos múltiplos contextos existentes, tendo em vista a melhoria da qualidade das aprendizagens e o sucesso educativo de todos os alunos; p. 45 Garantir que todas as modalidades de organização e gestão curriculares visam a integração dos alunos e o seu progresso escolar e não a discriminação precoce, p. 45 Dar prioridade ao 1.º ciclo do ensino básico, p. 45 Incentivar as escolas e agrupamentos, no âmbito da sua autonomia, a conceber e desenvolver programas que criem reais oportunidades de aprendizagem para todos os alunos do 1.º ciclo, gerindo com autonomia os recursos, os tempos e os espaços escolares, p. 45 valorização do ensino secundário, 46 apoiar as escolas a desenvolverem sistemas de avaliação interna (...) que constituam elementos fundamentais de regulação e de autorregulação das práticas curriculares, 46 Reforçar as estratégias d

ps educação

o ps apresentou as linhas gerais do seu programa eleitoral ; primeiras ideias: interessante, reconheço-me e revejo-me nas suas linhas; demarcam-se e definem-se caminhos e alternativas, não é mais do mesmo, não é centrão, são alternativas; na educação, interessante a aposta gostava mais de um conceito e de uma ideia (nem sequer lhe chamo autonomia), digo flexibilidade, capacidade de adequação de propostas e metas aos contextos; não é preciso  mais é essencial diferente

concursal

e pronto, ia escrever que abriu a caça, mas não, foi mesmo o dito cujo procedimento concursal para a minha escolinha; obviamente que me apresentarei ao dito cujo, mais não seja por simples coerência, eu que tenho dito e defendido que há mais formas de esfolar o coelho, que as inevitabilidades são evitáveis, que os becos têm saída e que os sentidos únicos têm alternativas; que os votos ditem as opções

escolhas de insucesso

ontem na minha escola - tal como em muitas no decurso desta semana, pelo que me apercebi - o dia foi dedicado à apresentação das ofertas formativas, regulares e não regulares, a alunos do 9º ano para o próximo ano; neste contexto, tenho-me apercebido, como nunca antes, reconheço, a enorme pressão que a família faz sobre o aluno para a escolha pela áreas das ciências e tecnologias; nas formas como condiciona o aluno, como se projetam no aluno sonhos e ansiedades, angustias e expetativas; não generalizo, falo do concelho onde trabalho, mas para ciências e tecnologias vão os inteligentes, os burritos para línguas e humanidades os outros para artes ou económicas; a pressão é tanta, os lugares comuns tantos, as banalidades da comunicação social tão evidentes, que há alunos que dizem que vão experimentar e que, se não se derem bem ou se não gostarem, então mudam; resultado evidente (visto nos indicadores de sucesso de secundário da escola), insucesso, absentismo, abandono, indiscipli

a construção da autonomia

este período, em claro regime de experimentação e teste, não defini datas para nada perante as turmas; os conteúdos foram apresentados, as regras de trabalho foram definidos e discutidos os critérios de avaliação; mas datas nada; nem um plano, nem um calendário, nem uma hipótese, nada, nem fichas, nem trabalhos, objetivo, experimentar os níveis de autonomia e trabalho individual do aluno; saber se, no final do básico, o aluno está preparado para definir uma organização ao seu trabalho, traçar o mapa de atividades, definir uma lista de verificação de procedimentos, hierarquizar prioridades e objetivos de modo a enfrentar o secundário; conclusão simplista, não está

fichas e regulação

uma das formas que tenho de regular o trabalho do aluno passa pela realização de fichas de trabalho; fichas retiradas do caderno de atividades (tão pouco utilizado) ou criadas mediante algum tipo ou forma de contextualização e/ou adaptação; se sinto que o trabalho do aluno se está a desviar, desorientar o desorganizar, implemento uma ficha habitualmente com dois objetivos explicitos ao aluno, que seja feita no decurso da aula (pressão) e corrigida por grupo vizinho (controlo); particularidade da realização destas fichas, não dou respostas a não ser a palavras complicadas, em tudo o resto é o aluno que tem de procurar a informação, os conceitos, seja prioritariamente no manual, seja por via de web;

Objetivos e avaliação

Hoje foi dia de aula assistida, ainda que não seja no contexto de avaliação acontece por via de "sugestão" da inspeção; A colega já ouviu falar que trabalho de modo diferente, hoje percebeu um pouco mais; Percebeu como apresento os objetivos da sessão, como os reparto pelos diferentes trabalhos, diferentes interesses e diferentes objetivos de cada aluno; Percebeu como acompanho o trabalho de cada um, gestão de fontes, organização de dados, síntese de ideias, mobilização de argumentos; Percebeu, no final, como faço o balanço e ouço os comentários dos alunos em termos de avaliação do que se fez e do que falta fazer; O princípio e o fim, os objetivos e a avaliação são dois momentos essenciais; se juntar a eles a retroação positiva, o incentivo e não a simples destruição, então está definido o código postal...

leituras e modos de ler

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a estatística tem uma (de entre muitas) particularidades que eu aprecio e gosto de admirar, diz respeito à imagem; há muito que sabemos que uma imagem vale mais que mil palavras e não chega dizermos e darmos conta dos números, que há tantos assim e outros cozido, que as percentagens são isto e aquilo, que atrás de cada número há uma pessoa um caso; basta que toda essa informação seja colocada na forma de um gráfico, de um mapa visual então quase tudo se altera; é disso que trata esta entrada , vale a pena pensar nisso

Desafios de práticas

Gosto quando um ou outro colega me chama teórico em função das práticas que assumo; gosto mesmo; Considero que os tempos que vivemos, todos eles, nos colocam elevados desafios práticos (onde, sem uma boa teoria ou um bom enquadramento teórico não vamos lá); desafios de (limito-me à educação e à escola): Respondermos a diferentes necessidades dentro de processos de uniformização; Organizarmos de forma diferenciada a escola e os tempos letivos, não injetando recursos - fazer diferente como que temos; Darmos respostas à heterogeneidade de interesses e objetivos numa escola que deve promover a integração e harmonização social; Há mais desafios, onde, no meu entendimento, há diferentes respostas mas apenas um caminho, o da equipa - que, apesar de aparentemente presente sempre esteve distante da escola;

Abertura de época

Aqui, pela minha aldeia, sempre que se inicia uma época de caça é ouvir o combate e o desassossego que se instala; é um alvoroço para quem aqui vive, para quem aqui vem e para a bicharada, alvo ou não da caca; Amanhã inicia-se a época de exames e, à semelhança da outra, todos desassossega, incomoda e provoca alvoroço; Não sou apologista dos exames, mas reconheço a sua importância - que não discuto aqui; discuto a excessiva centralidade que adquirem, a limitação que impõem ao trabalho dos profes e dos alunos; Tenho pena que os profdes se organizem em função de exames (onde poucos percebem a sua dimensão curricular e não disciplinar, a sua função reguladora de práticas e de indicadores e não aferidores de conhecimento), que a escola (pela legislação) não tenha capacidades nem limites para dar resposta a apoios diferenciados, a alunos com diferentes dificuldades e que os exames mais não sejam que elementos padronizadores da uniformização e da homogeneização em nome da exigência e do ri

estórias de uma urgência

de quando em quando recordo os adizeres, as estórias e os adizeres de um dia passado na companhia de outros que, como eu, esperavam; uma coisa muito típica dos tugas, a comparação das maleitas; um dava conta das suas maleitas, logo outro dizia que essas maleitas eram coisa pouca, pois ele tinha uma assim mais complicada; outro, logo acrescentava que já tinha tido isso e muito mais, que a dele é que era mesmo maleita; uma comparação de maleitas tipo a minha é mais complicada que a tua, ou mais complexa mas, pelo menos, aqui estamos para as comparar...

práticas pedagógicas

há mais de 20 anos que experimento uma prática pedagógica diferente; diferente por que: não faço exposição de matérias, sou intermediário (ou mediador, mais adequado aos tempos) entre o aluno e o seu trabalho; não sou eu que defino o que é importante saber ou não, é o trabalho que se desenvolve que permite identificar e estabelecer prioridades; não facilito a vida ao aluno dando-lhe resposta que ele pede ou fazendo perguntas para a qual eu sei antecipadamente a resposta, é o aluno que tem de ir à procura da informação, esclarecer conceitos ou procedimentos; não faço testes, a avaliação assenta no portefólio do aluno que dá conta do trabalho e da alteração de competências ou práticas ao longo do ano; regularmente os pais/encarregados de educação ou amigos ou companheiros são chamados a comentar o portefólio do aluno; apesar de manter (e recentemente até ter recuperado) uma dimensão quantitativa, a preocupação da avaliação é qualitativa; não tenho uma data para a avaliação (p
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bocados do fim de semana que um homem não é de ferro e precisa de uns miminhos, mais não seja semanais;

regulação

noutro lado das redes surgiu um comentário que considero deveras pertinente, sobre o processo de auto regulação das aprendizagens dos alunos; penso que o conceito surge enquanto forma de reconfigurar dinâmicas de trabalho em sala de aula, re definir processos de trabalho e de envolvimento do aluno; se for assim estou nessa; este espaço surgiu exatamente para dar conta e partilhar ideias sobre uma forma (a minha) de trabalhar em sala de aula, uma forma que tenho a arrogância e a impertinência de considerar diferente; não tenho uma designação, um nome, para a designar, é algo entre pedagogia diferenciada, pela qual comecei nos idos anos 90 do século passado a propósito do então programa educação para todos e com o Senhor joão belém e que alimentei posteriormente com i. sanches ou f. perrenoud, entre outros, trabalho de projeto, mediante a apresentação do problema e o estabelecimento do prazo e das condições para a sua resolução; ou princípios do movimento da escola moderna, isto é,

a queimar a pipoca

as notícias vão dando conta daquilo que é claro pelas escolas, óbvio pelos consultórios médicos e evidente pelas faltas ou pelo absentismo; acresce que, pela minha sala de profes (escola de baixo) se discute a turma pief, claramente pré delinquentes, que fritam a pipoca a qualquer profe; hoje, ação de sensibilização da força área, sem comentários; é esta a escola que temos e que temos criado; uma escola onde convive o aluno que quer prosseguir estudos com o pré delinquente, a escola onde está o aluno que procura projetos de vida e o outro que foge da vida, a escola onde está o que cria interesses e aquele que nem sabe qual é o seu interesse, a escola onde está o aluno que leva livros e que lê, devagarinho, mas lê, e aquele outro que nem sabe o que é uma letra e que ler é perder tempo; uma escola onde está o aluno que percebe o esforço que a família faz e aquele outro que nem ideia faz da família que não tem; uma família que compra os livros e as os outros que compram o pinto

porrada e doença

enquanto esperava em sala apinhada de gentes, velhos essencialmente, quase todos acima do 70, ouvia estórias; uma delas dava conta da fartura da vida, da infelicidade de ter nascido; lá comentei que pelo menos viva e aqui presente, tinha tempo para se arrepender, caso cá não estivesse nem isso sentiria; de uma só vez deu conta das suas penas, que sempre levou porrada; porrada primeiro da mãe, qual caldinho que a alimentava na falta da açorda; porrada depois do marido, que homem de pinga se entornava pelo corpo, marcado em nódoas de tinto; porrada até do filho que nunca percebeu nem entendeu; agora que não leva porrada de ninguém, por que a mãe há muito morreu, o marido se foi e o filho está longe, está doente, rematou a coisa com a simplicidade do tempo, merda de vida

urgências

ontem, para o meu lado, foi dia diferente e fortemente motivadora da escrita; passei o dia pelas urgências do hospital de évora em visita oftalmológica; a vida que vivi e que vivo tem claramente condicionado este meu tempo; entre vicissitudes e outras, alimentam-se os dias de estórias deixo algumas

Sobre o pensamento

Uma das maiores dificuldades que sinto, em termos letivos e de disciplina (a história) e do ensino passa por ajudar o aluno a organizar o seu pensamento com base nos princípios e orientações da disciplina; O aluno tem, na generalidade dos casos, um pensamento concreto, formal, compartimentado e segmentado; A escola, entre o trabalho dos professores e o dos alunos, está organizada na divisão e separação dos saberes, dos trabalhos, das lógicas de cada uma das disciplinas;  Levar o aluno a um pensamento articulado, globalizado e integrado entre disciplinas ou, vá lá, por áreas disciplinares, por exemplo em termos de história da ciência ou sobre cultura, para referir dois exemplos que puxo para uma dimensão mais ou menos concreta e formal, é manifestamente complicado; faltam leituras, falta escrita, falta pensamento onde pretensamente sobra tempo, cliques e page viwes

Olhar

Não sei como é no resto, noutros lados, mas, pela minha escola, é ver como se olha para dentro de uma sala de aula; Os edifícios são plantas dos anos 80, uma e outra das escolas, o chamado  P3 isto é, edifícios preparados para uma gestão de três pessoas; Edifícios em dois pisos são corridos por janelas e nesta altura em que o calor aperta, o pessoal está de porta aberta; Entretenho-me registar os olhares de colegas e funcionários, pais ou outros que passam pela minha sala ou pela dos outros; Olhares rápidos, como que envergonhados, como que a evitar a acutilância do que se olha, como que aquilo que se olha nos provocasse uma qualquer vergonha, uma qualquer forma de embaraço; olha-se e rapidamente se desvia o olhar; A sala se aula permanece neste século grandemente aquilo que sempre foi, uma caixa negra por onde todos passam, nem todos se safam e poucos sabem o que por lá se passa;

coisas interessantes

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coisas deveras interessantes e que não se devem ficar pelo primeiro ciclo; pela minha escolinha há uma experiência que decorre entre turmas de 1º ciclo, universidade de évora e a utilização de dispositivos tecnológicos, penso que tablets; estou farto de perguntar o que é, em que consiste, resultados ou simples ilações, continuidades e coisas que tal; até hoje

digam - não me interessa o quê - mas digam

agora que todos consideram que me candidatarei ao cargo de diretor da minha escolinha é ver e ouvir os comentários; na generalidade em surdina, no entre dentes que ninguém ouve, no diz que se disse ou na simples opinião de cada um, entre o que nos vale e o que nos (des)une; coisa, direi, expetável, afinal e como diz o meu ainda diretor ponho-me a jeito e com relativa facilidade dou azo a que digam isto e aquilo de mim mesmo - seja por questões políticas (por que a maior parte tem vergonha de assumir posições), seja profissionalmente (por que não sou o zeloso cumpridor do rigor docente, seja isso o que for) ou socialmente (por que sou desbragado e digo o que penso) seja por que simplesmente dizem e pronto; e não me interessem o que dizem, interessa-me é que digam, é giro ouvir coisas sobre nós mesmos há muito que ultrapassei pruridos e coisas que tais, afinal ninguém consegue dizer mais mal de mim que eu mesmo - e se me conheço, oh se me conheço;

da discussão ao papista

considero algo engraçado ver o conjunto de docentes que - e falo da minha escola - se insurgem contra tudo e mais alguma coisa mas que, logo que obrigados a cumprir, passam para o lado oposto, para o rigor do cumprimento, para a inefável atitude de mais papistas que o papa; isto a propósito de orientações que a igec deixou, relativa a ver aulas de uns e de outros e termos de proceder a articulação vertical, entre outros afazeres; na minha escola foi o bom e o bonito, que não, que isto e aquilo, que competências e objetivos, que funções e o raio da igec e do pedagógico do diretor e da direção; do meu lado insurgi-me contra a coisa e levei uma desanca do diretor que ainda hoje roto a paio e não comi nem uma fatia; agora são os meus estimados colegas que colocam exigências e condições, têm tudo pronto a tempo e horas, querem mais este e aquele pormenor, chamam a atenção para uma ou outra falta, para um ou outro domínio em falta, para a necessidade de ter isto ou aquilo em atenção; é

estratégias

todos os que andam na escola têm as suas estratégias; uns, os profes, para ensinar e conseguirem levar os seus objetivos a bom porto; outros, os alunos, de passar pelas gretas da chuva sem se molharem, isto é, valoriza-se mais o contexto de socialização e convívio que o de trabalho; nada mal vem ao mundo se soubermos com o que lidamos e quais as suas eventuais implicações; neste quase final de ano dou com os miúdos mais aplicados, como se o ano letivo se resumisse aos últimos dias, aos últimos afazeres, como se não existisse memória do que para trás ficou e se fez - ou não; azar do pessoal, é que a disciplina é história, onde somos como elefantes, "alembramo-nos" de (quase) tudo;

Pré campanha

Na campanha que já se iniciou tenho ouvido antónio costa a referir as novas oportunidades, o esvaziamento da escola, o desfalque pedagógico dos últimos anos; Não ouvi ainda, por ventura por questões meramente pessoais, uma palavra de passos coelho sobre a escola ou sobre a educação; Como será o voto dos professores nas próximas eleições? Que argumentário e que discursos se apresentarão? Que ideias se irão discutir, trocar ou confrontar? Qual será a posição dos professores? Que análise fazem eles destes anos de governo? Que alternativas ou que continuidades se apresentarão?

Dúvidas e mais dúvidas

tenho escrito nos meus apontamentos que, caso me apresente a candidato ao meu agrupamento, há equilíbrios a restabelecer; entre o quantitativo a que somos obrigados e as lógicas afetivas, que carateriza a escola; entre as metas e os objetivos que nos impoêm e as dimensões relacionais que carateriza a sala de aula; entre a diferenciação a que temos de apelar, por via das múltiplas heterogeneidades e a uniformização dos exames e dos processos de regulação externa, entre a autonomia individual e funcional das práticas profissionais e o controlo democrático (ou muito pouco democrático) a que somos sujeitos; entre a vontade que os professores têm de não serem incomodados na sua prática e na sua ação e as constantes interferências a que somos chamados; entre o prolongamento da escolaridade obrigatória para todos com o pouco interesse de alguns; como conciliar estas situações? que pontos de equilíbrio identificar? estes talvez sejam os grandes desafios;

coisas e loiças

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ele há por essa net fora coisas que me fascinam; gostava de ter tempo (e pachorra, já agora) para poder vasculhar o que por aí se produz e disponibiliza em termos de apoio a professores - estratégias, metodologias, ideias, etc; não há muito tempo dei com dois sítios que se tornaram incontornáveis, um e outro , coisas maravilhosas, práticas, ideias excepcionalmente simples,

De aluno a cidadão

Uma das coisas que desenvolvo no contexto da educação, da escola e da investigação passa por analisar e compreender aquilo que designo como o processo de construção do aluno em cidadão; Neste âmbito chamo a atenção para os curiosos para o congresso que irá ocorrer na universidade do Minho lá para outubro, ver em http://webs.ie.uminho.pt/iicicse/inscricoes.html; Por mim lá estarei, enviei proposta de comunicação e já sei que foi aceite;

Pessoas e máquinas

Estamos a exatamente 4 semanas do final das aulas, para as turmas que terão exames - as de 6º, 9º, 11º e 12º; Dei com este blog e com a afirmação maravilhosa de que ninguém se lembra por esta altura, que: queremos que a escola forme pessoas, cidadãos, não máquinas . Prometi aos meus alunos não os incomodar (muito) com constantes referências a exame, ao tempo que falta para a coisa ou do trabalho que se tem pela frente e que seria de todo em todo conveniente não deixar para as vésperas do dito; Mas tem sido difícil, Também por opção e por estratégia as duas ultimas semanas de aula irão ser reservadas à preparação para os exames; Aí procurar-se-ão máquinas, pois claro

lideranças

à boa maneira alentejana, não fosse eu alentejano, vou pensando no procedimento concursal que irá abrir para o cargo de diretor do meu agrupamento de escolas (vendas novas); qual o papel da liderança, de um diretor? em termos eminentemente teóricos ele há muita coisa, da qual destaco um dos últimos apontamentos  que apanhei ; agora no concreto, no dia a dia, no quotidiano de uma escola? nesse contexto muito se podia escrever; por um lado, os professores pedem aos santos e aos políticos que não os incomodem, que os deixem fazer aquilo que afirmam gostar, dar aulas; ir para a sala de aula e preferencialmente não serem incomodados - seja com questões (im)pertinentes, o desinteresse do aluno, as burocracias administrativas, ou o que fosse; os alunos, por seu lado, apelam a que as aulas sejam uma continuidade da escola, isto é, a escola é porreira (convívio, socialização, curtes...), as aulas é que são uma seca, como se o trabalho (neste caso escolar) tivesse que ser uma permanente e c

Perguntas

Há pouco dois alunos de uma turma perguntaram-me assim a modos que diretamente, o stor" candidata-se a diretor da nossa escola? Perante a pergunta fiz coisa feia e perguntei o porquê da pergunta; porque querem apresentar algumas propostas, foi a resposta; nem mais, há que saber aproveitar os momentos!

Autonomia e nós mrsmos

Obviamente que penso no cargo de direção da minha escolinha ou do meu agrupamento; Mas também penso quanto limitada esta presentemente a capacidade do local definir áreas próprias, assumir ideias ou posições que sejam individuais ou individualizantes; Pelo que vejo por diretores e agrupamentos, mais não se é que delegados locais do ministério da educação, capacidades muito limitadas e condicionadas, sem recursos, condições muito rigidas de gestão, etc Então e se assim é qual o lugar do local (pergunta que orientou o seminário)? Qual o espaço ou a capacidade do local definir e apresentar ideias próprias? Como se individualizam e contextualizam opções nacionais? Que condições existem para que se promova a diferença no meio da homogeneização?

dúvidas e futuros

um dos problemas que a escola enfrenta, em função de alunos e pais/ee, passa pelas dúvidas dos futuros que temos pela frente; que escola definir quando não sabemos qual o papel da escola? que importância atribuir à escolarização quando não sabemos a importância de nós mesmos? que ideias construir quando não fazemos ideia do que construímos? que valor atribuir quando não sabemos o seu custo? será que nos apercebemos como isto tem variado em função dos tempos?

meninas

a minha escola acolhe as meninas de um lar que há muito habita o concelho - os meninos estavam num outro concelho; são crianças que, por diferentes ordens de razão, ali estão institucionalizadas; tenho aprendido - e muito - com estas meninas; aprendido que, apesar de tudo e de todas as circunstâncias, nem são as piores, nem as mais más da fita - em termos de comportamentos, atitudes - sendo institucionalizadas podíamos esperar do pior, nem por isso; aprendi com elas que, apesar dos passados de cada uma o futuro nos pertence, somo nós que o construímos e definimos; fazemos dele aquilo que queremos; mas também aprendi que há desequilíbrios que nos marcam e que, em determinadas circunstâncias, nos condicionam nas opções; hoje, aprendi mais um pouco, sobre racionalização (vulgarmente desculpas); uma aluna foi, ao fim de muito tempo, passar o fim de semana com os progenitores; não gostou, mas explicou que duas são demais e ela há muito que está a mais; tem pena, mas percebe; fico sem